Coluna da Maga
Magali Moraes: pra nunca esquecer
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Sexta passada, a Organização Mundial da Saúde decretou o fim da emergência global de saúde pública da covid-19. Mais de três anos depois, e quase 7 milhões de mortes só nos registros oficiais, o mundo inteiro pode virar essa triste página da História. Pode mesmo? Ainda não é o fim da pandemia. Apesar de o vírus seguir contaminando e matando, agora o risco de vida é infinitamente menor. Até o isolamento ficou mais fácil de lidar, se comparado ao inferno que foi. Me arrepia só de pensar.
Comemorei a grande notícia tomando a dose bivalente (terceiro reforço), que inclusive eu já deveria ter tomado. E tomarei todas as próximas vacinas que surgirem pra neutralizar novas variantes do vírus. Se não fosse a Ciência, hein? Se não fosse o SUS! Sempre é bom relembrar (e aplaudir) pra nunca esquecer. Brasileiro tem memória curta. Cada vez que eu lavo as mãos rapidinho, às vezes só com água, fico desapontada comigo mesma. Poxa vida, guria. Já desaprendeu como se faz?
Sapatos
Quanto mais o tempo passa, mais parece ridículo termos lavado as compras que vinham do supermercado. Deixar os sapatos do lado de fora de casa é um hábito daquela época que poderia ter permanecido. Ainda mantenho um borrifador com álcool 70%, quase peça de museu. No fundo do armário estão as máscaras que sobraram (das de tecido, guardei duas de lantejoula – que souvenir bizarro). A expressão “novo normal” gastou de tanto a gente usar. Hoje parece tão antiga como “do balacobaco”.
Será que as gerações futuras vão ter a real dimensão do estrago que foi viver tudo isso na pele? As pessoas que morreram antes de chegar a vacina, as negligências de governos, as sequelas pós-covid, o pavor de alguém espirrar do teu lado, a ameaça invisível aos olhos e solta no ar? Que o comunicado da OMS seja o mais perto possível de um ponto final pra esse capítulo da História. Por via das dúvidas, segue valorizando a Ciência e toma a dose bivalente, vai.