Vendedor aposentado, Arides Pereira Cardoso, 72 anos, aguarda há mais de um ano por uma consulta com pneumologista via SUS. O pedido foi feito em 24 de março de 2022. Desde então, os sintomas de falta de ar e excesso de secreção seguem acompanhando a rotina do morador do bairro Parque Ipiranga, em Gravataí, em diferentes momentos:

— Normalmente à noite, (costumo sentir) a falta de ar. A expectoração é durante o dia, principalmente após as refeições.

Com a demora, ele decidiu consultar, de forma particular, em uma clínica popular. O médico que o atendeu solicitou alguns exames, sendo que, dois, Arides encaminhou via posto de saúde, entre março e abril de 2023: a tomografia computadorizada de tórax (exame de imagem) e a espirometria (que mede a quantidade de ar que uma pessoa é capaz de inspirar ou expirar durante a respiração).

Para saber qual era a perspectiva quanto à consulta via SUS, Arides conta que procurou o posto de saúde Águas Claras. Foi nesta unidade que ele havia sido atendido pelo clínico geral que o encaminhou para o pneumologista. O aposentado também levou o questionamento ao Centro Municipal de Saúde em outra ocasião.

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Papéis

Como resposta, recebeu papéis nos quais a situação da sua consulta consta, em 14 de fevereiro de 2023, como "aguardando". A mesma palavra aparece nos comprovantes da tomografia e da espirometria.

O que preocupa o aposentado é que, em 2013, ele teve um aneurisma. Quando ficou internado, teve registro de uma pequena quantidade de água nos pulmões, mas explica que, segundo os médicos que o atenderam, essa situação já havia sido descartada como causa dos seus sintomas. Porém, nos exames de rotina mais recentes, houve uma suspeita de broncopatia (espessamento nas paredes dos brônquios) e congestão pulmonar.

A tomografia e a espirometria são necessárias para ajudar no diagnóstico.

— Se eu tivesse consultado pelo SUS, se eu tivesse tido essa consulta antes, provavelmente esses exames já teriam sido feitos e eu já estaria talvez até me tratando, se fosse o caso — reitera. 

O que diz a prefeitura

A reportagem procurou respostas junto à Secretaria de Saúde de Gravataí, por meio da assessoria de comunicação. Diante dos questionamentos sobre o caso de Arides, a resposta foi: "Considerando a Lei Geral de Proteção de Dados, solicitamos o contato do paciente para passarmos diretamente a ele as informações sobre seus encaminhamentos". 

Com autorização do aposentado, o contato foi repassado. Mas, até a finalização desta reportagem, Arides alegou não ter recebido ligação da secretaria.

A pasta destacou, ainda, que "o agendamento é realizado em ordem de prioridade definida pela regulação médica da secretaria. Essa classificação é realizada de acordo com o quadro clínico descrito no encaminhamento e exames médicos anexados. É importante ressaltar que, havendo mudança do quadro clínico do paciente, a unidade de saúde pode solicitar alteração da prioridade".

Sobre o tempo médio de espera para a consulta e os exames, a secretaria informou que é de dois anos e meio para consulta com pneumologista e de dois anos para tomografia computadorizada de tórax e espirometria.

Produção: Isadora Garcia