Direto da Redação
Lúcio Charão: "Susto em cachorro e um salve à vida"
Jornalistas do Diário Gaúcho opinam sobre temas do cotidiano
Em abril deste ano, estava eu andando na rua do bairro onde moro, na zona sul de Porto Alegre, usando colete torácico branco, camiseta preta e calça de abrigo. Quando olho para frente, na calçada, um cachorro me enxerga e sai correndo para o outro lado da via. Virei e espiei se atrás vinha um pitbull. Não. Era eu que havia dado susto no cusco. E creio que, desde março, quando me acidentei ao cair de uma cachoeira, fraturei uma vértebra (chamada T12) e fiquei 10 dias sem andar, assustei muita gente no meu entorno. De lá para cá, fiz cirurgia, passou um filme na minha cabeça, recuperei movimentos e só tenho a agradecer.
Voltemos ao vira-lata: que cena! O cachorro simplesmente deu no pé ao enxergar aquele ser humano que tinha um equipamento plástico na barriga contrastando com a roupa. Eu devia parecer um robô, e o cão saiu tipo o Tom ao ver o Jerry. Fiquei com dó do animal, que por sorte não foi atropelado nem nada. Tudo isso me fez pensar como pequenas coisas são importantes, devemos valorizar e passei a ser mais resiliente.
Guri
Anteontem, a nutricionista Tayane Gandra falou ao Timeline, da Rádio Gaúcha, e, ontem, ao Encontro com Patrícia Poeta, da RBS TV. Ela é mãe de Guilherme, um amado guri de oito anos. Ele ficou 16 dias em coma, e o vídeo do reencontro dos dois tem mais de 11 milhões de visualizações, 29 mil comentários no Instagram, e 9,3 milhões de visualizações no TikTok. Guilherme tem epidermólise bolhosa, doença hereditária que provoca a formação de bolhas na pele, a partir de mínimos choques ou traumas, e se manifesta já no nascimento. Com a condição, o menino fica mais vulnerável a outras enfermidades.
Neste período de recuperação, pude (re)aprender que são momentos assim, da mãe com o Guilherme, ou os que tive com parte da minha família que não encontrava havia seis meses e pude matar a saudade de um a um no último fim de semana, que valem cada momento da vida. É bom demais viver, mesmo dando susto em cachorro ou emocionando milhões Brasil afora.