Nas últimas semanas, todas as vitrines ganharam corações vermelhos, balões apaixonados, pétalas de rosas, imagens de casais in love e outros estímulos visuais pra celebrar o amor. Ou seja, todo mundo querendo tirar uma lasquinha do Dia dos Namorados. Até uma ferragem aqui perto decorou uma escada de alumínio de quatro degraus com balõezinhos cor de rosa. Seria uma dica pra subir pouco a pouco na relação? Um convite pra morar junto? Ou andam brigando por falta de escada?

Parece que o 12 de Junho precisa ser uma enorme demonstração de amor. É muita responsabilidade pra apenas 24 horas: esquentar namoro morno, botar na parede quem não se decide, quebrar a cabeça atrás de presente, pisar em ovos pra não errar no gosto. Sou publicitária, já fiz muita campanha de Namorados, e criei um baita ranço com essas datas que forçam a barra. A pressão de igualar dinheiro a amor: quanto maior o urso, maior a paixão. Quanto mais cara a conta no restaurante, melhor. Sério?

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Marcada

O amor acontece mesmo é no dia a dia. De segunda a segunda, sem hora marcada, sem surpresa ensaiada. Sem barba feita, sem batom, sem perfume. Com bafinho de onça ao acordar junto, ganhando um beijo de bom dia. Responder logo uma mensagem, mandando a figurinha perfeita pro momento, também é prova de amor (ou de conhecer tão bem a pessoa amada). O coração pode acelerar por coisas tão bobas como dividir um pão de queijo quentinho. Dividir sonhos e planos? Puro afrodisíaco. 

Ter encontrado alguém especial já é o presente, você não acha? Em vez de gastar dinheiro, gaste seu precioso tempo com a pessoa amada. Esbanje atenção, uma coisa tão rara hoje em dia. Em vez de impressionar com um grande gesto porque o calendário manda, impressione com pequenas e constantes delicinhas. Sempre que der, relembre pra ele ou ela porque você se apaixonou. Invente outras maneiras de dizer "eu te amo". É no dia a dia que a gente se reapaixona e só agradece.