Coluna da Maga
Magali Moraes e a batata-quente
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Tava pensando nessa sexta-feira, prensada entre um feriado e um sábado, tipo assim recheio de sanduíche. Não sei se essa comparação faz algum sentido pra você, pode ser apenas fome aqui. Mas já reparou como a gente usa expressões ligadas à comida? A batata-quente do título, por exemplo. Ela pode ser frita, assada, cozida ou uma verdadeira bomba. Ah se fosse só bomba calórica. Batata quente, no caso, é um problema prestes a cair na sua mão. Corra antes que passem pra você.
Também desconfie se for um pepino. Eu não gosto dele na versão salada, muito menos disfarçado de treta. O coitado do legume não tem culpa, mesmo não tendo o melhor dos sabores. Mudando pro setor das frutas e expressões do dia a dia, as injustiças seguem. Ter um abacaxi pra descascar pode ser a sobremesa saudável, o lanche da tarde ou (de novo) um problema difícil te esperando. Agora se for um mamão com açúcar, ai que alívio! É algo fácil de resolver, molezinha. Fica tranquilo.
Farinha
Eu, que amo pão, perco até o apetite se chamam alguém de pão-duro na minha frente. Pra que ofender a melhor coisa já inventada com farinha de trigo? Chamem de sovina, mesquinho, fominha (opa). E deixem em paz o pão nosso de cada dia. Outra comida que sofre preconceito é a sopa. Nem todo mundo concorda se sopa é janta (uma refeição sozinha). Mas se falarem que algo não é sopa, ih… Lá vem complicação. Uma semana inteira chovendo? Não vai ser sopa pra secar a roupa.
Deixei pro fim uma questão que fere o brio dos gaúchos: encher linguiça. Pelo menos aqui no Rio Grande do Sul, terra do churrasco, ninguém poderia falar mal da linguiça de porco e suas variações. Na mesa, uma delícia. No ditado popular, pura enrolação. Quem nunca encheu linguiça esticando uma conversa com detalhes que não interessam, fazendo o vivente perder tempo e paciência? Pior que a gente enche linguiça até no churrasco, oferecendo pão com alho e a dita cuja antes de servir a carne.