Coluna da Maga
Magali Moraes e a visita quase surpresa
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Escrevi a coluna sexta à noite. Então quando você me ler na segunda-feira, a visita já terá acontecido. Esse é um texto cheio de expectativas. Que antecipa abraços, confissões, fofocas, risadas, puxões de orelha e uma atualização geral da vida uma da outra. Talvez a gente perca a voz de tanto falar. Uma quase surpresa porque fui avisada que ela viria, mas me surpreendi igual. Finalmente, sabe assim? Só fico na dúvida se o verbo visitar é muito formal pro encontro de grandes amigas.
Não sei, não me vem outra opção agora. E é a primeira vez na casa nova, isso tem um certo ar de solenidade. Visitar também é um ritual. Nesse exato momento, estou mais preocupada se tem espumante gelado. Se ofereço algo doce ou salgado. Se sentamos dentro ou fora de casa. Se damos uma volta antes ou depois pra mostrar a vizinhança. Nem faz tanto tempo desde a última vez que nos vimos, mas as tentativas seguintes não deram certo. Vida corrida, que afasta e adia planos.
Vontade
E se, por algum motivo, ela não vier? “Fica pra próxima” é um grande balde de água fria. A vontade de colocar os assuntos em dia, como fica? Sabe-se lá quando vai ser, conciliar agendas é um problema real. Fora os imprevistos. Recentemente, outra visita maravilhosa como essa ficou pendurada, ainda não aconteceu. Várias, aliás. Seguimos tentando. Minha sorte é ter amigos que não desistem de mim (caseirinha que sou) e não esperam convite. Só avisam que estão vindo (venham!).
Por mais que as modernidades tecnológicas ajudem a manter as amizades, o presencial segue sendo a invenção do século. Até porque não dá pra abraçar telas. Faltam figurinhas pra certas conversas. As mensagens de áudio se tornam longas demais, ouvimos fragmentado e a emoção do momento se perde. Amigos merecem presença. Especialmente as amizades entre mulheres se fortalecem com as trocas de olhares, o não dito que é percebido num gesto, na respiração, na intenção. Bora?