Coluna da Maga
Magali Moraes: fazer a limpa
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Nada como um bom faxinão pra renovar geral. Ainda não inventaram um Veja Limpeza Pesada que remove tralhas dos armários. Então é tudo com a gente. O que precisa é de tempo pra fazer a limpa. E desapego. Nesse tipo de arrumação, você vai encontrar várias armadilhas disfarçadas de lembranças. Roupas que não servem mais ou de um estilo que não é mais o seu. Aproveita e doa tudo pra Campanha do Agasalho. Como aquele jeans lindo e novinho, guardado na esperança de perder 10 quilos.
Outro lixo que acumula sem percebermos é o que está dentro das gavetas de coisas importantes. Geralmente a importância é de vidas passadas, agora nem faz sentido. A papelada que você mal lembra porque guardou. Recibos que perderam o prazo de validade. Anotações do tempo do epa. Canetas sem tinta, clips tortos sem utilidade, manuais de eletros que você nem tem mais em casa. Resumindo: pertences do seu antigo eu. A vida muda, tudo evolui, e seguimos cercados de entulhos desnecessários.
Radical
Até as modernidades juntam lixo que não some sozinho. Olha o seu e-mail, por exemplo. Tem que dar uma limpada radical às vezes. Não só marcar como lixo ou spam, mas lembrar de esvaziar a lixeira. Principalmente cancelar inscrições e assinaturas que você fez e não quer mais receber. O mesmo acontece nos contatos do celular. É só dar uma espiada de A a Z pra se surpreender com a quantidade de números de pessoas e de serviços que marcaram uma época, e hoje significam nada.
O lixo que lota a sua mente, como faz? Uma música chata que gruda no cérebro e não te deixa dormir. Um pensamento que fica dias martelando. As preocupações antecipadas, e até mesmo exageradas. Essa é a limpeza mais complicada de fazer. E com certeza é a mais importante. Meditação ajuda (pra quem consegue). Sair pra correr e esvaziar a cabeça. Se jogar no sofá e ver algo levinho. Respirar fundo. Fazer terapia. Lembrar que amanhã é outro dia, e que ninguém tem o controle de tudo.