Coluna da Maga
Magali Moraes: poxa, Amélia
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Saudade zero da Amélia. Aliás, é bom que ela nem apareça na minha frente. De uns tempos pra cá, não consigo nem ouvir falar nesse nome. Antes que alguma leitora chamada Amélia me interprete mal, eu explico. Não é nada pessoal, tá? Peguei implicância com uma certa cidadã. E já estou quase perdendo a classe. Também não é a Amélia que todo mundo conhece, um clássico do samba (e do machismo): "Ai que saudades da Amélia". A que não tinha a menor vaidade, a que era mulher de verdade.
Ultimamente, eu mudaria a letra dessa música pra "Amélia não tinha a menor noção / Amélia é que era mulher chata de verdade". Aposto que você também se sentiria assim se ligassem pro seu celular um milhão de vezes perguntando pela Amélia. Não é trote, deve ser um setor de cobrança furioso atrás dela. Só isso justifica essa busca incansável. Tá devendo e não nega, mas foge. Aí sobra pra mim, que fico bloqueando cada novo número desconhecido que liga achando que eu sou a Amélia caloteira.
Acalmar
Existe outra possibilidade que preciso levar em conta. Na real, penso nisso quando quero me acalmar. A tal Amélia se enganou na hora de dar o próprio telefone, simples assim. Estava com a cabeça longe, deixou a chaleira ligada no fogão, sei lá. Confundiu um mísero numeral e pronto. Acontece com a gente, vamos acreditar na boa fé da humanidade. "Amélia não tinha a menor culpa / Amélia que era mulher desligada de verdade". Um detalhe tão pequeno, que grande incomodação.
Agora estou ligada a essa mulher que não conheço, não imagino se é loira ou morena, alta ou baixa, honesta ou trambiqueira, se mora aqui no Rio Grande do Sul ou se mudou. Peraí!! E se ela confundiu o DDD? Não era 51, era 61 (Goiás) ou quem sabe 41 (Paraná). O mesmo número de celular, sotaques e vidas tão diferentes. Nunca vou ter essa resposta. E não quero puxar papo com o pessoal atrás dela, vai que pensam que sou a Amélia brincando com eles. Juro que não, só quero paz.