Meteorologia
Com menos chuva e mais vento, ciclone extratropical poderá provocar rajadas de até 100 km/h no RS
Fenômeno deve se formar na quarta-feira pela manhã entre o Paraguai e a Argentina, chegando ao Estado ao longo da tarde
Um novo ciclone extratropical deve atingir o Rio Grande do Sul a partir desta quarta-feira (12). Será o terceiro evento em menos de um mês a se formar na costa gaúcha. A chuva, que já começa na noite desta terça-feira (11), não deve ser tão intensa quanto a do ciclone de junho, que deixou 16 mortos e causou alagamentos em várias regiões, especialmente no Litoral Norte e na Região Metropolitana. Em compensação, as rajadas de vento podem chegar aos 100 km/h. As condições devem começar a melhorar na quinta-feira (13).
Nesta terça-feira, devido a um sistema de baixa pressão sobre o norte da Argentina e noroeste do Paraguai, áreas de instabilidade poderão se formar sobre o Norte, Noroeste, Região das Missões e o norte da Serra. A partir da madrugada de quarta-feira, a precipitação começa a se intensificar e avançar em direção ao sul do Estado, atingindo toda a Região Central, Litoral Norte e Região Metropolitana.
Essa área de baixa pressão deve se intensificar na quarta-feira, dando lugar a formação do ciclone extratropical. Segundo Henrique Repinaldo, meteorologista do Centro de Pesquisas e Previsões Meteorológicas (CMPP) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), o ciclone se forma no Paraguai e na Argentina pela manhã e, ao longo do dia, atravessa o Estado em direção ao oceano. A maior preocupação em relação a essa travessia é o perigo de vento forte.
— A partir da tarde desta quarta-feira, todas as regiões do Estado devem registrar rajadas acima de 50km/h, o que é considerado forte. Já na noite de quarta-feira e na madrugada e manhã de quinta-feira, a Região Metropolitana e parte do Litoral Norte devem registrar rajadas mais fortes, entre 80 e 100 km/h — afirma.
Grande volume de chuva
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu nesta terça-feira alerta de perigo para a maior parte do Rio Grande do Sul e todo o Estado de Santa Catarina. O extremo sul gaúcho não deve ser atingido. O alerta chama atenção para a possibilidade de chuva, vento intenso, queda de granizo, risco de corte de energia elétrica, estragos em plantações, queda de árvores e alagamentos.
— Os modelos meteorológicos divergem, mas, em geral, alguns pontos podem ter precipitação de 100 a 150 milímetros entre terça e quarta-feira. Alguns modelos têm mostrado níveis mais altos na Região Central, Região Metropolitana e parte do Litoral Norte. Em outras partes do Estado, os níveis devem ficar entre 50 e 80 milímetros — explica o meteorologista do CMPP.
Em Porto Alegre, por exemplo, a expectativa é que chova um acumulado de 80 a 120 milímetros entre esta terça e sexta-feira. A média histórica para todo o mês de julho é de 165,3 milímetros.
As condições devem começar a melhorar na quinta-feira, com a redução das chuvas e diminuição da velocidade do vento. No final de semana, o tempo deve voltar a firmar. Para Porto Alegre, a previsão, no sábado (15) e no domingo (16), é de tempo aberto, com sol e temperaturas baixas. Segundo a Climatempo, as mínimas previstas são de 7ºC para o sábado e 12ºC, para domingo.
Ressaca
A Marinha do Brasil emitiu, na segunda-feira (10), três avisos de mau tempo. O órgão destacou que o ciclone pode causar ressaca entre Chuí, no sul do Estado, e Laguna, no sul de Santa Catarina, com ondas de até 4,5 metros. A condição deve permanecer até sexta-feira (14).
— Quarta-feira o mar já vai estar com muita ressaca, então é bom evitar navegação e evitar ir para a zona costeira — aconselha. — Outra dica para se proteger dessas condições é evitar deixar objetos soltos no pátio, como mesas e vasos de plantas, porque pode ser levado pelo vento do ciclone e acabar machucando alguém — sugere o meteorologista.
Comparação com os últimos eventos
Apesar o RS ciclone extratropical ter sido atingido por dois ciclones no último mês — e ter a expectativa do terceiro esta semana —, os fenômenos têm características diferentes. Conforme Henrique Repinaldo, o evento de 16 de junho se formou no oceano, por isso, foi mais chuvoso e mais extenso do que o marcado para iniciar nesta quarta-feira.
— Agora, não vai ter tanta quantidade de chuva quanto em junho. Em algum lugar, deve ocorrer alagamento, mas o que mais preocupa é o vento. E esse com certeza vai ser mais forte que o da semana passada. Aquele, do último final de semana, é mais frequente e corriqueiro no Sul — pontua.
Para o meteorologista, ainda não é possível afirmar que a formação frequente de ciclones é efeito do El Niño, que já está em atuação sobre as águas do Pacífico. Os últimos eventos meteorológicos, conforme salienta, estão diretamente conectados com a média de temperatura mais alta do que o normal para a época do ano.
*Produção: Yasmim Girardi