Instabilidade
Como deve agir o ciclone extratropical que atuará na costa do RS nesta quarta
Fenômeno, que se forma próximo do Uruguai, deverá alcançar cidades da Região Sul e da Campanha sem previsão de estragos
Após um final de semana de sol e tempo firme, mais um ciclone extratropical está previsto para atuar próximo à costa do Rio Grande do Sul. Diferentemente dos últimos, o fenômeno, que deve se formar na quarta-feira (26), não causará vento forte, diminuindo o risco de estragos pelo Estado. Ainda assim, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu alerta de potencial de perigo para algumas regiões.
O ciclone começa a se formar a partir de uma área de baixa pressão que já está atuando no Uruguai. Entre esta segunda (24) e terça-feira (25), algumas cidades da metade sul do Estado devem sentir intensificação da chuva e do vento. A previsão é de que municípios da Região Central, Sul, Campanha, Fronteira Oeste e Região Metropolitana sejam atingidos. Ao passo que essa frente fria avança, outras regiões deverão enfrentar áreas de instabilidade.
— Não descartamos a possibilidade de temporais pontuais. Pode ter chuva forte, vento e granizo. Mas vai ser bem menos intenso do que os últimos fenômenos — garante Vanessa Gehm, meteorologista da Sala de Situação do Estado.
O Inmet alerta para a possibilidade de chuva entre 20 e 30 mm/h ou até 50 mm/dia, vento intenso, com rajadas entre 40 a 60km/h, mas com baixo risco de alagamentos e descargas elétricas. Segundo Henrique Repinaldo, meteorologista do Centro de Pesquisa e Previsões Meteorológicas (CPPMET) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), em algumas cidades pode chover mais.
— Nos próximos dias vamos ter um acumulado de precipitação na Campanha e no Sul, regiões que já registraram chuva acima da média neste mês. Em Pelotas, por exemplo, o normal para julho é chover 126 mm. Até o momento, já choveu 152 mm e nos próximos dias deve chover entre 60 e 70 mm — completa.
Em Porto Alegre, a média histórica de chuva em julho é 163 mm. Neste ano, dados do Inmet mostram uma precipitação acumulada em 97,7 mm em julho. Com essa frente fria, a chuva na Capital deve começar na noite desta segunda-feira e seguir até quarta-feira. Os acumulados, porém, não devem passar dos 40 mm.
Apesar de não ter previsão de forte impacto na costa, o ciclone deve agitar bastante o mar. A Marinha do Brasil emitiu três avisos de mau tempo, sinalizando para a possibilidade de ressaca entre Rio Grande e Mostardas, no litoral sul do Estado, e para o vento forte no mar entre o Chuí e Florianópolis, em Santa Catarina. Os avisos são válidos até a próxima sexta-feira (28).
Na quinta-feira (27), o ciclone, que deve se formar no oceano e longe da costa, começa a se afastar ainda mais do Estado. Com o afastamento do fenômeno, a tendência é que as áreas de instabilidade diminuam e o tempo volte a ficar firme, com temperaturas mais amenas.
Fenômeno comum no inverno
Ciclone extratropical é uma área de baixa pressão atmosférica que se origina a partir de grandes contrastes de temperatura. Esses sistemas meteorológicos são comuns na costa do sul e do sudeste do Brasil, podendo se formar em qualquer época do ano, mas são mais frequentes nos meses de outono e inverno.
— As frentes frias estão quase sempre associadas a um ciclone extratropical. E nós ouvimos falar de frente fria o tempo todo durante essa época do ano, então é fácil imaginar quantos ciclones extratropicais acontecem — pontua Repinaldo.
É difícil saber ao certo quantos ciclones extratropicais já passaram pelo Rio Grande do Sul neste ano. Foram três fenômenos com efeitos reconhecidos pelos gaúchos, sendo um em junho e dois em julho, e outros episódios que não impactaram diretamente o Estado, como deve ser o ciclone previsto para quarta-feira.
— É uma característica do inverno gaúcho e da posição geográfica do Estado. Os ciclones se formam facilmente por aqui. Como passamos por um longo período de estiagem, praticamente não tinha ciclones atuando no RS, então esse período mais chuvoso em que os ciclones voltam a atuar acaba chamando mais atenção — defende Vanessa.
Relembre os últimos ciclones
- Em 15 e 16 de junho, a passagem de um ciclone extratropical causou mortes, prejuízos materiais, bloqueios de estradas e deslizamentos em diversas cidades da Região Metropolitana e do Litoral Norte. O fenômeno, que se formou sob o oceano, trouxe grandes acumulados de chuva, provocando cheias de rios e alagamentos.
- Na madrugada de 8 de julho, a previsão era de que um novo ciclone extratropical atuasse no Rio Grande do Sul. Cidades atingidas pelo ciclone de junho prepararam ações preventivas, mas o evento não causou fortes impactos no Estado.
- Poucos dias depois, a passagem de um ciclone extratropical pelo Rio Grande do Sul provocou chuva intensa e queda de granizo em diversas regiões durante a madrugada do dia 12 de julho. Rio Grande registrou uma morte, e, na Capital, estradas foram bloqueadas e aulas suspensas. O evento, que se formou no continente e atravessou o Estado em direção ao oceano, trouxe vento forte para todas as regiões.
- O ciclone que deveria acontecer entre os dias 19 e 20 de julho, também com previsão de se formar longe da costa e não causar impactos, atrasou.
*Produção: Yasmim Girardi