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Direto da Redação

Letícia Mendes: "A violência invisível"

Jornalistas do Diário Gaúcho opinam sobre temas do cotidiano

26/07/2023 - 17h46min


Leticia Mendes
Leticia Mendes
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Agência RBS / Agência RBS
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Ontem acompanhamos uma operação da Polícia Civil sobre um grupo que se chamava de Trem Louco. Segundo o que apurou a investigação, agia na zona norte de Porto Alegre, com muita brutalidade. Espancamentos, homicídio e até a expulsão de pessoas de suas casas faziam parte das ações que passaram a ser apuradas pelo Departamento de Homicídios. Muitos integrantes eram moradores dali mesmo, que, envolvidos pelo crime, voltaram-se também contra a própria comunidade. 

Não é novidade que o tráfico de drogas e o crime organizado são mazelas que afetam a sociedade como um todo. Neste caso, nas ruas do Rubem Berta, conforme diz a polícia, um grupo resolveu fazer “justiça com as próprias mãos”, banalizando ainda mais a violência. As cenas de um dos vídeos obtidos pela polícia, de espancamento de uma das vítimas, são aterradoras. Mas a de um morador que teve a casa invadida e destruída também choca e comove. Ver tudo que tinha dentro de casa resumido a destroços. 

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A chamada operação Insanus Agmen – uma alusão ao Trem Louco – que resultou na identificação de suspeitos e prisões, tenta estancar as ações desse bando, para que ele não cresça, assim como aconteceu com outras quadrilhas. Mas a polícia, que age todo dia nas ruas, também sabe que a raiz dessa violência é bem mais profunda. Passa por áreas que não envolvem só a segurança pública, que é quem lida com o estopim disso tudo, e precisa se desdobrar para que os contornos não sejam ainda piores. 

A violência começa bem antes de ela ser visível. O crime ganha espaço quando o Estado perde o seu, e não há como negar isso. E, por fim, quem sofre são todas as pessoas, especialmente as que moram nas comunidades, mas também as que estão fora dela. É por isso que sempre que vemos alguma iniciativa que tenta trazer uma luz no fim desse túnel – perdoem a metáfora óbvia – precisamos comemorar e dar apoio. Que as boas iniciativas resistam e sejam multiplicadas, para que possamos ter um futuro melhor um dia.



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