Coluna da Maga
Magali Moraes e as embalagens: tenham piedade
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
O que você pensa sobre as embalagens difíceis de abrir? Eu acho uma falta de consideração com quem compra o produto. Tem horas que me irrito mesmo. É pegadinha do fabricante (e do designer que a criou). “Vamos complicar a vida do consumidor, ele que lute!”. E assim seguimos lutando com tampas de vidros quase impossíveis de abrir. Com lacres irritantes que testam a nossa paciência e acrescentam um nível extra de dificuldade. Como se o dia a dia já não fosse exigente demais.
As embalagens Tetrapak, por exemplo. Aqueles cinco minutinhos a mais na cama podem fazer muita falta se você tiver que abrir um leite novo. O grau de dificuldade aumenta consideravelmente pra quem tem limitação de movimento nos dedos (oi, artrose). Ou apenas cortou a unha curta demais, e até o ar que encosta ali dói. Além de retirar o tal lacre, depois tem que limpar o leite que sempre respinga pros lados. Pobre adulto que não abre mão (ui) do seu sagrado café com leite.
Cafeína
Caso você prefira café preto, não cante vitória. As embalagens de café moído podem desafiar sua necessidade de cafeína. Idem os potes de iogurtes e de requeijão. E as latas de conserva? Se os antigos abridores eram perigosos, o sistema novo de puxar a tampa também pede força e band-aid no corte do dedo. Molho de tomate ou sangue, escolha. Ainda sobre tampas de vidros. Aqui em casa o pessoal tá proibido de abrir com a ponta da faca. Temos um abre fácil que às vezes apanha bonito.
São tantas embalagens com sofrência incluída, que falta espaço pra listar. Por que a gente continua comprando? Pra mim, a pior de todas é a do desinfetante pra banheiro Pato Purific. Uma brilhante ideia imitar o pescoço do pato pra alcançar o inalcançável. Isso se conseguir desnucar o bicho e abrir a tampa. Limpe o suor da testa, mas nenhuma lavanda acalma a raiva. Agora inventaram o aroma Férias Tropicais. Só pode ser deboche. Senhores fabricantes, tenham piedade de nós.