Coluna da Maga
Magali Moraes e o louco de atar
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Prefiro gente sã (ou que consegue controlar seus impulsos). Agora se for pra escolher um tipo de louco, que seja o manso: ele não agride ninguém. Já o louco de atar, melhor manter distância. Sexta passada, esperando no caixa do Asun de Xangri-lá, assisti a uma cena triste sobre a doidice humana. Uma criatura que, do nada, explodiu em fúria. Na praia, as pessoas deveriam estar mais relaxadas. Mas o que vi foi um respeitável senhor descompensar geral e quase partir pra agressão física.
Era final de tarde, horário da fome e de pensar no fíndi. Até aí tudo normal, inclusive é comum ter fila no caixa. Quando os clientes na frente dele foram buscar sei lá o que, e o atendimento parou, esse cidadão ligou em si o botão da loucura. Se revoltou por ter que esperar (ué, privilegiado?), começou a provocar que nem criança. Foi um tal de mandar a atendente do caixa calar a boca e dizer barbaridades, que corajosos ao redor peitaram o doido em sua defesa. Aí foi como jogar álcool no fogo.
Gelo
Veio o segurança. O louco de atar já estava arremessando um saco de gelo na esteira do caixa, se negando a ir embora. Não satisfeito, pegou com violência duas garrafas de vinho e… bom, se ele tivesse jogado com a mesma força que fez com o gelo, eu ainda estaria tirando cacos de vidro do meu braço. Estávamos na fila ao lado, sem acreditar na estupidez humana. Como a fúria é algo que cresce, o homem ainda tentou virar o carrinho pra derrubar tudo. Não conseguiu. Saiu chutando o ar.
Depois que o exu se foi, a coitada da caixa e a colega que a defendeu não paravam de tremer. Comprei bombons pra elas, uma pequena gentileza pra amenizar o climão. Anota aí: a gente pode ter um dia ruim, o que não pode é descontar nos outros. Também não pode deixar de tomar o remedinho que o médico receitou. O louco de atar saiu de lá dirigindo possuído, um perigo. Quem viu a cena demorou pra se acalmar. Agressividade faz mal, tem que tratar.