Dia dos Pais chegando e, com ele, um monte de reflexões. Sou filha de pais separados, e a maior parte da minha criação foi responsabilidade da minha mãe. Mas, para ressignificar o papel da paternidade, muito além dos exemplos bons que consegui presenciar, precisei olhar para dentro, para o que tinha ficado marcado nas minhas próprias experiências. Deu certo, depois de algumas sessões de terapia. 

Hoje, consigo ver a paternidade de um modo diferente. Consigo manter uma relação melhor com meu pai, sem expectativas a serem atendidas, sem as pressões da criação e da dependência. 

Consigo recordar com maior facilidade dos momentos bons. Não morar com o meu pai me causava uma sensação de espera nos finais de semana. Ele buscava eu e meu irmão para passeios, e o que eu mais gostava era poder andar de moto. Com ele, os passeios envolviam mais aventuras do que, normalmente, com a minha mãe. 

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Uma vez, na lagoa, ele me colocou num caiaque de um lugar e me vestiu o colete salva-vidas. Me ensinou a remar, e foi divertido, até que cansei. Fui para a beirada, saí do barquinho e tirei o colete. Depois de um tempo, entrei novamente no caiaque sem colete e fiquei brincando. Sem perceber, me afastei do raso e estava sem a proteção que me impedia de afogar. Gritei pelo meu pai, ele correu para dentro d’água e, quando me alcançou, me senti segura de novo.  

Consigo admirar as relações cotidianas entre pais e filhos e a cumplicidade que existe nesse laço. O pacotão da paternidade envolve muito mais do que diversão, segurança quando existe perigo, dinheiro quando há necessidade. Envolve presença, cuidado e amor. Mas vale lembrar que muitos pais dão aquilo que podem ou da forma como foram ensinados, talvez de um jeito não tão carinhoso, assim como foi com os antepassados. O que posso fazer hoje é tentar ser melhor com quem vem no futuro e olhar com compreensão para quem marcou o passado. O Dia dos Pais também é dia de ressignificar nossa relação e fazer o possível com leveza, sem pressões. E, se nada puder ser feito, está tudo bem.