A comunidade de São Sebastião do Caí, no Vale do Caí, aguarda há mais de duas décadas por uma quadra poliesportiva na Escola Estadual de Ensino Fundamental Josefina Jacques Noronha, no bairro Vila Rica. O pedido foi uma reivindicação dos moradores que, no ano 2000, optaram por destinar parte da verba do Orçamento Participativo (OP) para a construção do ginásio. Até hoje, 23 anos depois, apenas a fundação da obra foi entregue. 

Durante esse período, houve diversas tentativas por parte da direção da escola de retomar a construção. Em 2007, a diretora responsável enviou um ofício à Secretaria Estadual da Educação (Seduc). Além de contextualizar o caso, a carta também relatava as dificuldades enfrentadas pela comunidade escolar. Sem respostas, o documento foi enviado novamente em 2011 e 2017, mais uma vez não houve retornos por parte da Secretaria.

A atual diretora da escola, Claudia Kich da Silva, 49 anos, trabalha no local há 20 anos. Por isso, pôde acompanhar boa parte do problema.

– A fundação foi construída após um ano da aprovação da verba. Depois ninguém mais apareceu, simplesmente sumiram. Na época fomos atrás, mas nossas reivindicações não foram atendidas. Em mais de 20 anos, muitos governos passaram, e as coisas foram mudando. Quando muda o governo, muda tudo – desabafa.

Improvisos

Enquanto isso, as aulas de Educação Física ocorrem no pátio da escola. Com pouca estrutura, o professor Raul Trindade, 40 anos, conta que precisa improvisar. No futebol, por exemplo, as goleiras são substituídas por cones. Além disso, comenta que, pelo menos uma vez durante o ano, tenta levar as turmas até o ginásio municipal, que fica a cerca de 10 minutos de distância da escola. O objetivo é fazer com que os pequenos possam experienciar uma estrutura completa para prática de esportes. 

–Agente perde um tempinho de aula no deslocamento até o ginásio municipal, também é preciso passar por uma burocracia de agendamento prévio para uso do local. Mas, mesmo com a improvisação e com as dificuldades, eu quero que eles (estudantes) tenham essa vivência com o esporte – completa.

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Dificuldade

A maior dificuldade enfrentada pela comunidade escolar acontece em dias de chuva ou de muito calor. Por não haver um local coberto, as aulas de Educação Física precisam ser dadas dentro da sala de aula. Por conta do espaço limitado, os alunos recebem conteúdos teóricos relacionadas ao esporte e deixam a prática de lado. Em alguns momentos, também são oferecidos jogos de carta e tabuleiro.

O estudante do nono ano Fernando Simon, 14 anos, frequenta o local desde o início da sua vida escolar. Comenta que seu esporte preferido é o futebol e que, em dias de chuva, fica chateado por não poder jogar com os colegas. 

– Eu adoro praticar todos os esportes, não perco uma aula de Educação Física. Quando chove, não conseguimos jogar futebol. Quando o sol está forte, também não, porque é muito quente. É complicado – relata.

Projeto da obra está sendo elaborado

Conforme informações da assessoria de comunicação da Seduc, a justificativa pela demora da entrega do ginásio é de que a verba, que seria destinada para a conclusão da obra nos anos 2000, não foi repassada por completo. Isso porque a escola foi afetada pelo desgaste do Orçamento Participativo, que passou a acontecer a partir do mesmo ano em que a demanda foi aprovada. O OP foi uma política implementada que permitia à comunidade decidir quais eram as prioridades para aplicação de recursos públicos.

Atualmente, o processo se encontra na Secretaria de Obras Públicas e está em fase de elaboração do projeto. Assim que esta etapa estiver finalizada, o próximo passo é definir a planilha orçamentária, que irá indicar o custo total da obra. A previsão é de que o trâmite leve cerca de seis meses. Após a conclusão, será aberto um novo processo de licitação para empresas interessadas em realizar o trabalho. Segundo a Secretaria, ainda não é possível prever em quanto tempo a obra será efetivamente retomada.

Produção: Nikelly de Souza