Tava aqui pensando na força que tem os primeiros e primeiras. Viver uma experiência nova pela primeira vez, ser o primeiro em algo. Não importa a idade, vai marcar. O frio na barriga do primeiro dia de aula. Enfrentar um mundo desconhecido se repete décadas depois, no primeiro dia de trabalho novo. Nos dois exemplos, mais importante que a matéria ou o cargo é fazer os primeiros amigos. E torcer pra que eles sigam com você depois que o colégio ou o emprego terminem. 

Primeiros socorros salvam vidas. A primeira risada salva o dia. E a primeira risada de um bebê? Os primeiros passos. O primeiro dia na Itália. O primeiro beijo. A primeira maratona. O primeiro tricô. A primeira viagem de avião. Mas nem tudo são flores: tem a primeira mala perdida, o primeiro pé na bunda, o primeiro assalto, a primeira crise existencial. Pensa que um dia passa, as lágrimas secam, o coração acalma, o jogo vira. Vem o primeiro raio de sol depois da tempestade. 

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Ser o primeiro nem sempre é fácil, pode ser bom ou traumático: o primeiro aluno da chamada, a primeira amiga a engravidar, o primeiro filho a sair de casa, a primeira da família a entrar pra faculdade, o primeiro avô a morrer, a primeira irmã a casar, o primeiro irmão a separar, o primeiro amigo a morar fora do país, a primeira briga dos namorados, a primeira colega a se revoltar contra o chefe abusivo, a primeira mancha na parede recém pintada, o primeiro boleto a pagar, a primeira pizza na casa nova.

Eu não tinha me dado conta de quantos primeiros e primeiras existem até fazer essa lista. A primeira vez que alguém vê o mar. O primeiro banho de chuva. A primeira festa que termina no amanhecer. O primeiro homem que pisou na lua. A primeira mulher que votou. A primeira tatuagem. O primeiro mate da vida. O primeiro acarajé. O primeiro neto. A primeira declaração de amor. A última coluna antes de sair de mini férias. Nos vemos na primeira segunda-feira de setembro.