Tentei pensar em um assunto diferente para esta coluna, mas não teve jeito. Como diz nosso amigo Guri de Uruguaiana: “Só se fala noutra coisa”. O conflito entre a atriz Larissa Manoela e seus pais, Silvana e Gilberto, está na boca do povo. E em todos os sites, programas de TV, jornais... O que deveria ser assunto de família virou pauta jornalística, em alguns casos, de forma sensacionalista. O que leva à pergunta: existem limites entre o público e o privado quando se trata de uma pessoa famosa? 

Tenho lembrado muito de um livro que li na faculdade, “O Jardim e a Praça”, de Nelson Saldanha. A obra relata como, ao longo do tempo, as questões privadas, antes restritas ao jardim de cada um, foram transferidas para a praça pública. É sobre isso. E não está tudo bem.

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Espetacularização

A princípio, todos conhecem o velho ditado “roupa suja se lava em casa”, mas isso só vale para nós, pobres mortais. No caso de quem cresceu diante dos holofotes, como é o de Larissa, cada movimento da intimidade é visto através de uma lupa. O público fica ligado se ela deixou de seguir a mãe nas redes sociais, se dona Silvana postou uma indireta à filha, se a jovem só tem postado fotos ao lado do noivo, André Luiz Frambach, e não dos pais, enfim... a bola de neve só aumentou nos últimos meses. O assunto veio a público de diversas formas, todos querem saber dos mínimos detalhes, todo mundo já escolheu seu lado nessa treta, mas poucos pararam para pensar no sofrimento dos envolvidos. A própria Larissa falou que vem tentando priorizar sua saúde mental.

A espetacularização do caso há muito já ultrapassou o fazer jornalístico. Ao vivo, apresentadores falam abertamente contra ou a favor de uma das partes. A disputa familiar se transformou em guerra de audiência entre emissoras, matérias caça-cliques na internet, hashtags nas redes sociais. Ninguém pensa que há seres humanos e laços familiares envolvidos. Lamentável.