Seu Problema É Nosso
Na Capital, professora cria horta com ajuda de 400 alunos
O projeto surgiu em abril com objetivo de diversificar a merenda escolar e incentivar o consumo de alimentos saudáveis
Diversificar a merenda escolar e ensinar sobre a importância de uma alimentação saudável. Esses foram os pilares que fizeram com que a professora Leticia Oliveira, 40 anos, resolvesse construir uma horta comunitária no pátio da Escola Estadual de Ensino Fundamental Vicente da Fontoura, no bairro Belém Novo, zona sul da Capital.
A proposta contou com a participação de mais de 400 estudantes, professores e moradores da comunidade. O projeto teve início em abril. Foi uma maneira de trazer mais tranquilidade ao ambiente escolar após um período de diversos episódios de violência em escolas no país.
– Eu percebi que os alunos estavam muito apreensivos naquele momento, devido aos frequentes ataques e ameaças que estavam acontecendo nas escolas. Foi uma forma que eu encontrei de distraí-los e tranquilizá-los – destaca.
Solidariedade
A professora não só ministra aulas no local como também é moradora do bairro. Por isso, já conhecia a comunidade o bastante para prever que a maioria ajudaria na construção desse projeto, e o apoio chegou de muitas formas. Floriculturas da região doaram todo o material necessário para dar início aos trabalhos, como mudas para o plantio, terra apropriada e adubo orgânico.
Com os insumos iniciais, Leticia usou de suas habilidades no campo – ela viveu parte de sua infância no Interior – para instruir pais, professores e moradores que se voluntariaram para colocar a “mão na massa” e dar início à plantação.
A estrutura da horta é inteiramente composta por materiais recicláveis. São 88 garrafas pet reutilizadas para dar sustentação. O cuidado diário é tarefa de todos e faz parte de uma atividade interdisciplinar na escola. Os professores se dividem durante a semana para poder trabalhar seus conteúdos tendo como base todo o conhecimento que a horta pode oferecer.
– No total, são 17 turmas do primeiro ao nono ano que mantêm o espaço. Cada professor tem um cronograma. Os alunos gostam muito, afinal, é um ambiente diferente de uma sala de aula tradicional – relata Leticia.
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Alimentação para os pequenos
Os alimentos colhidos na horta vão direto para o prato dos pequenos. Agora, é possível oferecer uma vasta opção de saladas, legumes e verduras aos estudantes. A merendeira da escola, Lusimara Rodrigues, 42 anos, comenta que a qualidade da refeição oferecida aos alunos aumentou bastante após a primeira colheita:
– A gente sempre incentiva a alimentação saudável. Antes, tínhamos pouca variedade de alimentos para oferecer às crianças. Hoje, temos até temperinho para fazer uma comidinha mais gostosa. Eles adoram!
Dentre as opções oferecidas estão: cenoura, couve, repolho, beterraba, alface, tomate, chicória, espinafre, almeirão e ervas. Tudo para oferecer uma refeição rica em vitaminas, fibras e minerais aos alunos.
Aluno tem primeiro contato
O estudante Franklin da Silva, 11 anos, frequenta o sexto ano do Ensino Fundamental na escola e conta que foi a primeira vez que teve contato com uma horta. O aluno comenta que gostou de lidar com a terra e que ir até o local é um dos seus momentos preferidos durante a aula.
– Acho muito legal ter uma horta na escola. O que eu mais gostei de fazer foi plantar. Já na merenda, eu adoro quando tem couve ou alface. É o que mais gosto de comer na escola – comenta.
Com o sucesso da horta, a professora Leticia resolveu expandir o cultivo e, agora, plantou também 15 árvores frutíferas no terreno da escola. Ainda pretende plantar mais quatro nos próximos dias.
Produção: Nikelly de Souza