Explica Aí
O DG te ajuda a entender o apagão que atingiu o país
O desabastecimento afetou o Distrito Federal e 25 Estados. Governo ainda procura as causas do fenômeno
Um apagão nacional deixou vários municípios sem energia elétrica na manhã desta terça-feira (15). O desabastecimento afetou o Distrito Federal e 25 Estados do país, incluindo o Rio Grande do Sul. Conforme o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), houve uma ocorrência no Sistema Interligado Nacional (SIN) que interrompeu a transmissão de 16 mil megawatts (MW) no Norte e no Nordeste. O Diário Gaúcho te ajuda a entender:
O que aconteceu na rede de energia do Brasil?
Segundo nota divulgada pelo ONS, "houve uma ocorrência no sistema que provocou a separação elétrica das regiões Norte e Nordeste das regiões Sul e Sudeste, com abertura das interligações entre essas regiões (...) A interrupção no Sul e no Sudeste foi uma ação controlada para evitar propagação da ocorrência".
Em entrevista à Rádio Gaúcha, o coordenador do curso de Engenharia de Energias Renováveis da PUCRS, Odilon Francisco Duarte, explicou que o corte na linha de transmissão foi realizado para evitar um apagão geral no país, o que acarretaria problemas maiores.
– O Erac (Esquema Regional de Alívio de Carga) ocorre em duas situações: uma quando temos perda de geração muito grande, outra quando há algum problema em uma linha de transmissão. A linha de transmissão escoa a energia para os grandes centros urbanos, então, no momento em que são perdidas essas linhas, o sistema fica instável – disse.
– Para que não ocorra um apagão geral no país, são feitos cortes programados, de maneira que determinados centros de consumo são desligados, principalmente aqueles que têm menos impacto. O procedimento é feito para manter o sistema em pé até ficar estável – acrescentou o especialista.
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Qual foi a dimensão do problema no Rio Grande do Sul?
Houve diversos relatos de falta de energia em cidades do Rio Grande do Sul, incluindo Porto Alegre. A CEEE Equatorial informou que 495 mil clientes, em 46 municípios, foram atingidos, o que corresponde a 27,5% do total de clientes. Segundo a empresa, o serviço em sua área de concessão foi 100% normalizado às 9h. Já a RGE disse que o problema causou interrupção do abastecimento para 447 mil clientes em diversos municípios atendidos pela empresa, o que equivale a 15% da área de concessão. De acordo a concessionária, a energia também foi restabelecida nessas áreas ainda pela manhã.
Algum local não foi afetado?
Roraima foi o único Estado que não foi atingido pelo apagão. O Estado não integra o sistema interligado nacional e tem a energia fornecida por termelétricas locais.
A situação já foi completamente resolvida?
O Ministério de Minas e Energia (MME) informou que o sistema nacional de energia foi restabelecido às 14h30min desta terça (15) – cerca de seis horas após a ocorrência. Segundo a pasta, restam ajustes pontuais a serem realizados pelas distribuidoras em algumas cidades.
Já se sabem as causas do apagão?
Em entrevista coletiva, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou terem ocorrido "dois eventos concomitantes" para causar o problema.
– O que aconteceu hoje é extremamente raro que aconteça. Para acontecer algo nessa magnitude, nós temos que ter tido dois eventos concomitantes, em linhas de transmissão de alta capacidade.
De acordo com o ministro, um dos eventos teria acontecido no Ceará; o outro, no entanto, ainda não foi diagnosticado oficialmente pela ONS e segue sendo investigado. Silveira frisou que o apagão não teve relação com suprimento energético ou com a segurança do sistema elétrico no país. Ele também negou relação do problema com planejamento.
Silveira disse que o governo vai pedir à Polícia Federal e à Agência Brasileira de Inteligência (Abin) que investiguem se houve ação dolosa (intencional) para causar apagão. Ele afirmou não ter qualquer evidência, no momento, de que o problema tenha sido alvo de uma ação criminosa. No entanto, lembrou que no início do ano, torres de transmissão haviam sido derrubadas propositalmente.
Os dados técnicos e as conclusões devem ser divulgados em um relatório nas próximas 48 horas.