Direto da Redação
Ricardo Düren: "Conselhos de pai"
Todas as quartas-feiras, jornalistas do Diário Gaúcho opinam sobre temas do cotidiano
Muitos amigos me consideram uma grande referência quando o assunto é paternidade. Como tenho quatro filhos, acreditam que sou uma fonte inesgotável de conselhos. Peregrinam até mim, como quem vai ao encontro de um guru ou a um sábio da montanha, sedentos por tal conhecimento.
– Mestre, o que faço quando o bebê não para de chorar?
– Como convenço meu filho a comer espinafre?
– O guri não quer ir à escola...
Quando minha esposa está por perto, ela me socorre:
– Choro é fome ou cocô. Experimenta trocar a fralda.
Mas, quando a Patrícia não está, as coisas se complicam para o meu lado.
Talvez um autêntico guru soltasse uma frase enigmática, tipo “aprenda antes a desaprender”, ou “é preciso abrir os olhos para ver, mas, para ouvir… use os ouvidos”. E o peregrino se daria por satisfeito, e retomaria sua jornada com a certeza de que, em algum momento, entenderia o que o sábio quis dizer com aquilo.
Porém, minhas respostas são outras:
– Espinafre? Bá… nem o Popeye me convenceu a comer espinafre. Deixa o piá comer o que quiser…
– Escola? E tu por acaso gostavas de ir à escola? Deixa o guri lá, que ele não tem escolha…
O fato é que não tenho todas as respostas. Embora já tenha chegado à maioridade como pai – esse 13 de agosto será meu 18° Dia dos Pais –, ainda estou aprendendo. E aprendo (e desaprendo) todos os dias com a turminha lá de casa. Basta abrir os olhos e, principalmente, os ouvidos.
Mesmo alguns incidentes são fontes de aprendizado. Certa feita, uma das nossas gurias, quando ainda ensaiava os primeiros passos, escorregou e deu um testasso na quina de um móvel. Surgiu um galo e corremos ao hospital.
O médico riu de nossa preocupação:
– Na próxima vez, pega aquela latinha de cerveja que tu tens no fundo da geladeira e pressiona contra o galo, que ele vai recuar com o frio.
Médicos são grandes sábios e recomendo que, em caso de dúvida, leve seus filhos a eles. Até hoje me pergunto como aquele médico sabia da latinha que eu guardava na geladeira.