TALENTO TIPO EXPORTAÇÃO
Alunas de Gravataí vão aos EUA representar RS em conferências globais
Seis estudantes gaúchas foram selecionadas para participar de simulações de assembleia da ONU promovidas pelas universidades de Harvard e Yale, em 2024, e buscam ajuda para custear viagem
Seis alunas gaúchas foram selecionadas para participar de conferências internacionais nos Estados Unidos, promovidas pelas universidades de Harvard e Yale, duas das mais renomadas instituições de ensino do mundo. E a missão delas, marcada para janeiro de 2024, é assumir papéis de diplomatas e chefes de Estado em simulações inspiradas nas assembleias da Organização das Nações Unidas (ONU).
Ana Carolina Silveira, Carolina Moura, Geórgia Américo de Lima, Isadora Urio Fernandes, Júlia Santos e Larissa Evaldt, estudantes da Escola Sesi de Ensino Médio Albino Marques Gomes, com sede em Gravataí, foram submetidas e aprovadas em processos seletivos para a Harvard Model United Nations (HMUN), em Boston, e na Yale Model United Nations, em New Haven. Anualmente, os dois eventos reúnem milhares de estudantes de países do mundo inteiro com a proposta de estimular o debate entre os jovens sobre problemáticas da atualidade, além de propor, em conjunto, soluções políticas inovadoras.
As meninas que vão representar o Rio Grande do Sul têm entre 17 e 18 anos. Será a primeira vez delas em um evento desse porte, exceto para Isadora, que integrou a delegação brasileira que esteve na simulação deste ano em Harvard.
— É um desafio estar em um espaço global assim, com pessoas de todo o mundo. Foi um longo processo de pesquisa antes de ir, para entender como eu poderia representar um país em uma conferência. Mas foi realmente uma das experiências mais únicas que tive na vida, é uma grande imersão cultural — relata a estudante de 18 anos, que está no terceiro ano do Ensino Médio, sobre a participação na Harvard Model United Nations 2023.
Ela gostou tanto da experiência que decidiu se candidatar novamente, mas, dessa vez, vai levar as colegas junto para a jornada, que em 2024 será dupla.
Autonomia e liderança
Segundo as jovens, a escola ajudou muito no processo de tomada de decisões e na autonomia. E não à toa: o Sesi-RS se tornou um verdadeiro modelo de Ensino Médio em termos de proposta pedagógica. Na escola, os estudantes são instigados à busca de soluções para a comunidade e ao desenvolvimento de projetos, por meio de desafios e situações problema.
— Somos todas bolsistas e oriundas de escolas públicas. O Sesi nos proporcionou essa autonomia e estamos correndo atrás dos nossos objetivos — conta Júlia, de 18 anos.
E a metodologia está rendendo bons resultados. Além de serem as primeiras do Sesi Gravataí a participarem dos eventos internacionais, estão motivando os demais colegas.
— Ficamos muito orgulhosos da iniciativa, essas meninas são protagonistas do conhecimento delas. Elas estão aplicando, na prática, aquilo que entendemos que realmente faz a diferença na educação de jovens. Estão encarando os desafios do mundo e indo atrás dos sonhos. Isso é resultado do nosso processo de aprendizagem — destaca Bianca Visentin, diretora do Sesi Gravataí.
Preparação e busca por recursos
Além das aulas curriculares, a preparação para as conferências inclui participação em um clube de debates, criado em 2021 por Isadora e pelo estudante João Lucas Oliveira Silva, da Escola Sesi de Mococa (SP). O grupo busca fomentar a participação dos colegas em futuras simulações da ONU.
— Antes, a gente prepara um guia de estudos para o debatedor. Nesses encontros, discutimos sobre economia, política e problemáticas atuais — conta a jovem.
Embora qualquer aluno de Ensino Médio possa se inscrever para os eventos, essas viagens têm despesas elevadas. Contabilizando visto, passaporte, passagens de avião, alimentação e hospedagem, a estimativa é que a missão internacional estudantil custe em torno de R$ 15 mil para cada jovem de Gravataí.
Para a conferência de Yale, o time gaúcho ganhou uma bolsa da universidade norte-americana, que cobre parte dos custos. No entanto, elas ainda buscam financiamento para custear as despesas com o evento de Harvard, em Boston.
As jovens estão aguardando retorno do Sesi sobre aporte financeiro e já estão arrecadando dinheiro por meio de uma vaquinha online. Elas aceitam doações de qualquer valor por pix, pela chave com o e-mail: sesioverseasrs@gmail.com.
Como funcionam as simulações
Foi uma longa espera antes das cartas de aprovação: considerando os processos seletivos para os dois eventos, foram quatro meses esperando retorno das universidades norte-americanas. Após preencher os respectivos formulários nos sites das instituições, os alunos precisam enviar redações em inglês.
No caso das alunas do Sesi, elas precisaram preparar quatro textos, como uma carta de intenções, outra explicando que países elas gostariam de representar e os motivos, e mais uma contando sobre quais países do mundo elas tinham mais interesse em debater.
Alunos de vários estados vão representar o Brasil nas conferências internacionais, como Pernambuco, Sergipe, Amazonas, Bahia, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais e São Paulo. Alguns deles fizeram a seleção por meio de entidades certificadas pelas universidades, como a Internationali Negotia e a Brazilian Youth Academy.
A HMUN é uma das maiores e mais prestigiadas simulações do mundo envolvendo relações internacionais para alunos do Ensino Médio. O evento reúne cerca de 4 mil estudantes anualmente. O encontro de 2024 acontece entre os dias 25 e 28 de janeiro, em Boston, no estado de Massachusetts, nos EUA. Esta será a 71ª edição do evento, com jovens selecionados de escolas de mais de 50 países. Mais informações podem ser conferidas no site do evento.
Já a 50ª edição da Yale Model United Nations acontece de 18 a 21 de janeiro de 2024, nos Estados Unidos. Cerca de 2 mil estudantes de todo o mundo participarão do evento, sediado em New Haven, no estado de Connecticut. Mais informações podem ser conferidas no site.