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Guilherme Jacques: Esperaremos uma vida ser perdida?

Jornalistas do Grupo RBS opinam sobre temas do cotidiano

06/09/2023 - 17h18min


Diário Gaúcho
Diário Gaúcho
Agência RBS / Agência RBS
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Quero começar esse texto pedindo a você, que está lendo, um minuto de atenção e um instante de reflexão. Peço que imagine qual seria o seu sentimento se a sua casa fosse completamente destruída pela queda de uma árvore durante um temporal.

Mas calma: não se trata de uma fatalidade. Adicione ao exercício de imaginação que isso era uma tragédia anunciada. Há bastante tempo você pedia à prefeitura que o vegetal fosse retirado, só que isso não aconteceu. Sua casa está completamente destruída, e agora? 

Revoltante até mesmo de se imaginar, não é? Porém, isso aconteceu duas vezes com leitores do Diário Gaúcho. Um destes casos, retratados na página 26 da edição de hoje, foi o da Aline Souza Reis. Da residência dela, no bairro Mario Quintana, na Zona Norte, sobraram apenas escombros. Há mais de 20 dias, ela e a família pediam que a árvore fosse cortada.

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No caso de outro leitor, Marcos Piter da Silva, do bairro Rubem Berta, o pedido para retirada do vegetal que colocava em risco a moradia dele era feito havia mais de sete anos. De nada adiantou, veio a árvore e parte da casa abaixo após uma chuvarada, em abril do ano passado. Somente depois de um ano vivendo em situação improvisada foi que ele recebeu uma indenização para reconstrução de seu lar.

Casa nova, mas frustração e sensação de desamparo que vão permanecer por um bom tempo. Afinal, não há indenização que seja capaz de apagar um trauma como esse e de amenizar a revolta.

Trauma e revolta que poderiam, pelo menos, servir de estímulo para prevenção. Para que o cidadão, pagador de impostos e que não mora em uma área de risco porque quer, seja visto com mais atenção. Para que a burocracia não faça mais vítimas.

Pois eis uma triste constatação: haverá mais vítimas, se nada mudar. Na matéria de hoje, a leitora alerta para outras árvores em situações parecidas, e que colocam em risco a vida dos moradores do local. E eu pergunto aos responsáveis: esperaremos uma vida ser perdida?



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