Coluna da Maga
Magali Moraes: banho de lama
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Existem as lamas medicinais e seus banhos que rejuvenescem, aliviam a dor e o estresse, estimulam a imunidade, além de outras propriedades curativas. A pessoa paga pra aplicarem lama na sua pele em clínicas estéticas e spas. Ou então experimenta o tal banho de lama na versão divertida, em viagens exóticas. Aqui no Brasil, é atração turística nas praias do Nordeste. Todo mundo se joga na lama, brinca, relaxa, cobre o corpo, tira fotos só com os olhos de fora.
Lembrei que já fizemos isso uma vez. Mas e quando a lama chega por conta própria, na versão catastrófica? Antes fosse a lama que trata e traz benefícios. É só destruição, tristeza, caos. Lama que surge feito um presente macabro depois que a enchente baixa. Como se não fosse cruel o suficiente a correnteza da água que passou primeiro já ter levado tudo: carros, casas, sonhos, vidas. Lama cobrindo cidades inteiras, como infelizmente aconteceu semana passada no nosso Estado.
Solidariedade
A gente lê os relatos, olha as fotos, assiste aos vídeos e quase não acredita no que vê. Devastação sem fim. Ainda bem que estamos vendo muita solidariedade. As doações chegam, e vão continuar sendo necessárias nas próximas semanas. Quanto tempo precisa pra limpar tanta lama e restabelecer essas cidades? Quanta energia e organização, quantas equipes voluntárias, quanta fé e esperança? Enquanto escrevo essa coluna, a previsão do tempo indica mais chuva nas regiões afetadas.
Voltar pra casa depois de um dia difícil é reconfortante. Agora voltar pra casa depois de uma enchente, sabendo que perdeu tudo (ou que nem tem pra onde ir) deve ser uma experiência sofrida demais. Que o Rio Grande do Sul siga mobilizado pra ajudar. Que as autoridades atuem rápido. Vamos doar conforme as necessidades que estão sendo divulgadas. E torcer pra que essas comunidades, na medida do possível, consigam recomeçar a vida. Meus sentimentos a quem perdeu familiares e amigos.