Coluna da Maga
Magali Moraes e a mancha de batom
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Se eu falo em mancha de batom, qual é a primeira coisa que você pensa? Batom vermelho que não sai de jeito nenhum? Mancha em formato de beijo? É só um teste pra ver se esse clichê continua firme. Eu, por exemplo, penso numa promoção de Vanish no supermercado (ou de qualquer tira-manchas bom). Houve um tempo em que encontrar mancha de batom vermelho na gola da camisa fazia a casa cair. Hoje em dia, as redes sociais oferecem um ambiente bem mais rico pra desconfianças.
Encontrar uma mancha de esmalte vermelho na minha roupa seria muito mais tenso. E agora, sai como?!! Medo de acetona. Uma busca aprofundada no YouTube roubaria o meu precioso tempo, considerando que as blogueiras de truques pra casa fazem vídeos longos e chatos, pra contar só lá no final se a mistura removedora e salvadora leva vinagre de maçã ou bicarbonato de sódio. Deve ser por isso que eu não uso nem esmalte e nem batom vermelhos. Também não vejo esses vídeos nem a pau.
Prova
Voltando à mancha de batom, razão dessa coluna. Tudo depende do contexto. Num filme policial, ela pode ser a prova do crime. Numa toalha branca de hotel, é prova de caráter (você faria isso em casa, se tivesse que lavar depois?). Num bilhetinho, é um gesto de carinho. No espelho do banheiro, aí sim, é um baita clichê. No dente da frente, é constrangedor. Quem vê, não sabe se avisa. Quem tá com o dente sujo, falando sorridente, não sabe e não limpa. Depois, disfarça e passa rápido o dedo.
Mancha de batom no guardanapo? É o lugar certo, só vira o lado sujo pra baixo. Na borda de copo ou xícara, acho sempre nojento. Inclusive do meu próprio batom. Aquele carimbo de boca rouba a cena na mesa. Tem coisa pior: quando o batom na xícara não é o teu. Aconteceu esses dias comigo, num lugar metido a fino. Que deixou de ser fino na mesma hora em que vi a mancha. Quase botei a boca, nos dois sentidos. Reclamei com educação, trouxeram outro expresso duplo e não cobraram.