Coluna da Maga
Magali Moraes e o bolo queimado
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Importante falar das coisas que dão errado, né? Um dia a dia perfeitinho só acontece na imaginação, e olhe lá. Mas calma. Como ninguém aguenta mais acompanhar notícias ruins, crises políticas, econômicas e outros dramalhões da vida, trago aqui um draminha bem light. Descobri que até um bolo queimado nos ensina algo. Justiça seja feita: nem foi o bolo que queimou, o coitado cozinhou pela metade. O que torrou mesmo foi a massa grudada no fundo do forno. Esturricou.
Pelo cheiro de queimado que invadiu a casa, sorte que nenhum vizinho bateu na porta oferecendo ajuda. Era pra ser uma atividade relaxante, se tivesse dado certo. Virou frustração e faxinão. Até agora não entendi o que me levou a fazer um bolo atrás do outro. Terapia do fermento? Também não pense que eu me inspirei naqueles realities de competição entre confeiteiros, e decidi competir comigo mesma. Acho que eu só quis aproveitar uma pia suja, com todos os ingredientes espalhados na bancada.
Armário
Detalhe: preciso pegar um banquinho pra alcançar os potes da farinha e do açúcar em cima do armário. Então faz diferença quando eles já estão perto de mim. O primeiro bolo saiu inteiro, o segundo foi o caos. Uma sucessão de erros. O forno mega super quente. A receita que eu não segui direito. A forma pequena demais pra quantidade de massa. A lâmpada queimada lá dentro, que me impediu de enxergar o que estava acontecendo. Uma mão (a minha) que desligou o forno antes da hora.
Doeu botar fora uma mistura que poderia ser comestível, se tivesse só abatumado. Era pra ser um bolo fit. Desperdicei aveia, açúcar mascavo, ovos, bananas, castanhas, nozes e amêndoas. Gastei dinheiro e tempo faxinando o forno. Até borrifei perfume na cozinha pro ar ficar mais respirável. O grande aprendizado? A gente valoriza mais o que dá errado, e esquece de aplaudir o que dá certo. Corrigindo: o primeiro bolo não saiu apenas inteiro. Ele ficou bonito, gostoso e nos alimentou.