Em Aracaju
Perícia confirma que ossada encontrada em geladeira de apartamento alvo de ação judicial é do jornalista gaúcho Celso Portella
Restos mortais foram localizados dentro de mala escondida em um refrigerador, em 20 de setembro, durante execução para reintegração de posse de um imóvel
As autoridades de segurança pública de Sergipe anunciaram na manhã desta quinta-feira (28), em coletiva de imprensa, que os restos mortais encontrados por um oficial de Justiça, durante execução de ação judicial em um apartamento em Aracaju, são do jornalista, escritor e advogado Celso Adão Portella. O gaúcho de Ijuí, que constituiu carreira profissional na Capital nos anos 1970 e 1980, tendo trabalhado como locutor das rádios Gaúcha e Farroupilha, havia migrado para o Nordeste em 2001.
Conforme as investigações, Portella residiu no domicílio onde seu corpo foi escondido após morrer, em companhia da mulher, que está presa sob suspeita de ser a mentora da ocultação do cadáver, que, conforme investigação, ocorrreu em 2016. Em depoimento à Polícia Civil, a mulher, de 37 anos, negou ter envolvimento com a morte do jornalista e afirmou que os dois tiveram um relacionamento amoroso. A mulher teve sua prisão preventiva decretada e a apuração pode ser convertida em investigação de homicídio.
Durante a coletiva, o diretor do IML de Aracaju, perito Victor Barros, explicou que havia no apartamento documentos de Celso Adão Portella, mas pela condição dos restos mortais houve o entendimento de que seria necessário aplicar "metodologia científica" para confirmar a identidade e buscar evidências sobre como a morte aconteceu.
— Não é uma resposta fácil ou rápida de ser dada. Positivamos a identidade com a antropologia forense. O trabalho segue. O corpo já foi preparado e toda a parte de tecido foi retirada. Agora, começamos o trabalho de análise óssea em busca de indícios sobre a causa da morte e como o corpo foi conservado — explicou o diretor do IML.
Segundo a perita odonto-legista do IML, Suzana Maciel, o trabalho de apuração da identidade extrapolou as práticas comuns a uma necropsia, utilizando elementos de identificação relacionados ao biotipo da vítima.
— Trabalhamos os ossos que contam uma história daquele indivíduo, chegando à conclusão de que se tratava de ossada masculina e estimamos um intervalo de idade, estatura e afinidade corporacional com a registrada no Rio Grande do Sul. Também utilizamos informações médicas de um procedimento cirúrgico no joelho da vítima - relatou a perita.
Comparação de imagens do crânio e fotos de Portella
Suzana contou também que foi utilizada a técnica de sobreposição de imagens do crânio examinado com as últimas imagens de Celso Portella em vida.
— Puxamos pontos na face e no crânio e conseguimos analisar esses pontos. Essa sobreposição segue um método científico, o que nos ajuda a confirmar a identidade. Assim, tivemos vários elementos para positivar essa identidade — acrescentou Suzana Maciel.
Identificação da causa da morte prossegue sob investigação
Para esclarecer toda a dinâmica que envolveu o crime de ocultação de cadáver, o diretor do IML destacou que outros procedimentos periciais prosseguirão sendo realizados.
— A grande dúvida da sociedade é como aquele corpo chegou naquele estágio de decomposição e não foi percebido pelos vizinhos. Temos algumas teorias, geramos as hipóteses e iremos testá-las — declarou.