Fenômeno recorrente
Formado no oceano, novo ciclone extratropical terá baixo impacto, dizem especialistas
Estão previstas até terça-feira (24), no entanto, chuvas e rajadas de vento, principalmente na metade norte do RS
Um novo ciclone extratropical, associado à passagem de uma frente fria, contribui com a instabilidade no clima no Rio Grande do Sul, principalmente, na Metade Norte. No entanto, os meteorologistas indicam que a intensidade será menor do que os fenômenos recentes que trouxeram estragos no fim de agosto e começo de setembro no Estado.
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um aviso de chuva de 50mm por dia, ventos intensos de 40 a 60 km/h e queda de granizo na região norte do RS. O alerta em amarelo, que significa perigo potencial, projeta baixo risco de corte de energia elétrica, estragos em plantações, queda de galhos de árvores e de alagamentos entre segunda (23) e terça-feira (24).
— O ciclone vai ganhando força e se afastando para alto-mar. É amplo, mas no oceano, bem afastado — diz Marcelo Schneider, coordenador do 8º Distrito de Meteorologia do Inmet.
Segundo o Climatempo, ainda que o ciclone não atue diretamente no sul do país, poderá causar chuva e rajadas de vento forte entre 50 e 70 km/h nesta terça-feira (24), no litoral e leste gaúcho e no litoral de Santa Catarina. No decorrer do dia, o sistema dá origem a uma frente fria que, à noite, passa a reforçar a umidade sobre parte da região.
— Os maiores acumulados ficam no norte gaúcho, com possibilidade de transtornos. No oeste, campanha e sul do Estado não chove — estima Luiza Cardoso, da Climatempo.
Segundo Henrique Repinaldo, meteorologista do Centro de Pesquisas e Previsões Meteorológicas da Universidade Federal de Pelotas (CPPMet/UFPel), após o deslocamento do ciclone impulsiona um fluxo de vento sul em direção ao continente, causando queda na temperatura.
— Teremos uma queda de cerca de cinco graus entre a quarta (25) e quinta-feira (26). Após isso, haverá predominância de ar seco e queda na nebulosidade.
Comum ao período do ano
Entre os meses de junho e setembro, nove ciclones passaram pelo RS, incluindo aquele que causou estragos no Vale do Taquari. A diferença de temperatura entre as massas de ar fria do Sul e quente do Norte explicitam a frequência de ocorrências, segundo Marcelo Schneider.
— O forte contraste térmico entre o Brasil central, com temperaturas perto ou acima dos 40°C, e o Rio Grande do Sul, em direção à Argentina, com temperaturas inferiores aos 25°C, explica a maior formação de ciclones — relata o especialista do Inmet.
Henrique Repinaldo lembra que formações deste fenômeno são comuns a estações como inverno e primavera no RS.
— Sempre que ouvimos falar que uma frente fria chegou ou se deslocou pelo Estado, é porque, em algum lugar do oceano, se formou um ciclone extratropical, que impulsiona as massas de ar. O que acontece é que, às vezes, surge bem próximo da costa ou sobre o continente, mas não é o caso, nesta semana — frisa o meteorologista do CPPMet/UFPel.
Rio Uruguai
O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) alerta para a permanência de eventos hidrológicos em municípios da fronteira oeste do RS em função da de cheia do rio Uruguai, que podem agravar eventos de inundações.
Nesta segunda, o volume marcou 12 metros, 3m70cm acima da cota de inundação. Dados atualizados da Defesa Civil estadual dão conta de 52 pessoas desabrigadas e 687 desalojadas, totalizando 739 afetados.
Ainda, segundo o Cemaden, é moderada a possibilidade de ocorrência de eventos hidrológicos na região metropolitana. Pancadas de chuva, com intensidade moderada a forte, podem deflagrar inundações pontuais e alagamentos temporários de áreas rebaixadas.