Coluna da Maga
Magali Moraes e a TV em restaurante
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
O que você acha de restaurante com TV ligada no salão? Eu não entendo o motivo. Seria pra gente se sentir em casa? Mas, se vamos comer fora, é justamente pra ter uma experiência diferente da que teríamos em casa. Imagina se inventam de colocar um sofá pra quem adora jantar vendo a novela, segurando o prato na mão. Daria muito trabalho pros garçons circularem. Então botam só a TV, que consegue ser mais espaçosa que um sofá. Ocupa o campo de visão. E o pior: com volume alto.
Azar de quem não gosta do canal escolhido ou do programa que estiver passando. Controle remoto é algo que não está disponível no cardápio. Não sei você, mas eu me incomodo com essa distração. Um ruído desnecessário. Em um restaurante, a comida deve ser a estrela. E quem está na mesa com a gente. É indigesto dividir a atenção da pizza com o jogo de futebol. O videoclipe antigo, mesmo sem volume, desafina o espeto corrido. Se forem notícias ruins, aí nem o pãozinho desce.
Conectar
Hoje em dia, já é complicado desconectar do wi-fi pra conectar no momento. Muitos estímulos nos fazem salivar. Olhe nas mesas ao redor, e quase todos estarão mexendo no celular. Entre uma garfada e outra, a nova fofoca da celebridade. Entre um gole e outro, a bateção de boca na reunião de condomínio. Os grupos do WhatsApp não dão sossego, e conseguem fazer qualquer comida esfriar. Vira esse celular pra baixo. E senta de costas pra TV, que é a minha técnica. Esquece o telão e a telinha.
Se eu fosse dona de restaurante, me preocuparia em oferecer – além de uma comida deliciosa com preço justo – cadeiras confortáveis, mesas afastadas, iluminação acolhedora e banheiros limpos. Proibiria duas coisas: cardápio em QR Code e TV, claro. Bora saborear o prato escolhido e sua companhia. Nem sei por que estou reclamando disso. Tá cada vez mais impossível comer fora. Haja Estomazil ao pedir a conta. Em casa, dá pra brincar de restaurante e bancar o chef. Sem TV ligada.