Nunca se exigiu tanta produtividade nos ambientes de trabalho. Prova disso é que, de uns tempos pra cá, se ouve cada vez mais falar em ataques de pânico e Burnout (o nome chique pra exaustão extrema e esgotamento mental). Os limites entre vida profissional e pessoal, que sempre funcionaram como uma rede de proteção, hoje estão por um fio. O smartphone e os grupos de Zap são o combo da desgraça, nos colocando 24 horas à disposição da chefia. Quanto maiores as metas, menor a empatia.  

Já contei aqui que sou publicitária, e nunca parei de criar campanhas desde que comecei a escrever no DG. Se tem uma profissão que conhece bem o Burnout e suas variantes é a publicidade. Tem que gostar muito do que se faz pra seguir na área. Sabe o que eu mais valorizo nesses 35 anos de profissão? Meu currículo de amizades. Os colegas que se tornaram grandes amigos, de quem eu morro de saudade da convivência diária. A gente se vê quando dá, e parece que se viu ontem.

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Piadas

Quando a pressa e o estresse passam, fica o que realmente importa: a cumplicidade, a admiração, a parceria, a confiança, as piadas internas que só a gente entende, as histórias engraçadas (o tempo nos faz rir dos perrengues). É por isso que o currículo de amizades não cabe num LinkedIn (a rede social que, na minha opinião, é a mais tóxica de todas). Lá o que conta é o trabalho pelo trabalho: arrotar cargos, metas e conquistas. Os contatos que duram apenas o tempo do expediente.

Você já parou pra pensar no seu currículo de amizades? As colegas e os colegas que merecem ultrapassar a fronteira da firma pra fazer parte da sua vida. Sem crachá, sem horário marcado de reunião, sem cobranças e pressão. Mas é como acontece com os amigos de infância, da academia ou as melhores amigas: amizade tem que cuidar bem, tem que cultivar pra crescer feito plantinha. No caso, somos nós a luz, a água, o adubo. Não esquece de valorizar e atualizar esse currículo poderoso.