Coluna da Maga
Magali Moraes: fome de quê?
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Uma vida tentando responder essa pergunta e suas variantes. É fome de comida? De arroz e feijão ou de uma receita nova? É fome de tédio pra ocupar a tarde vazia? É fome de doce ou de salgado? É fome que ronca o estômago e não deixa dormir? Ou só pra dar um quentinho na pança e o sono vir? É fome de lanche saudável ou de gordice? É fome que passa se não der muita atenção pra ela? É fome pra prevenir a fome? É de ansiedade? É fome por que o relógio diz que é hora de comer?
Desculpe se te deixei com fome ao ler isso. O que eu queria mesmo era falar das questões por trás da nossa vontade de comer. Existe um cardápio de emoções. Tem gente que comeria um boi inteiro quando fica nervosa. Outras, nem conseguem pensar em comer nessa situação. Tem os bem regrados. E os gulosos, sempre prontos pra inventar qualquer programação que envolva comida. Eu me incluo nesse grupo, e fico abismada com quem mal sente fome, até esquece de comer.
Porções
Agora sem roubar no jogo: se você tivesse que anotar tudo o que comeu nesse último fíndi, iria se orgulhar ou se assustar? Melhor fechar os olhos ou a boca? Não me leve a mal, mas e se eu te perguntar sobre as porções? Você cuida as quantidades que serve ou vai empilhando o que quiser no prato? Que assunto cruel escolhi pra começar a semana. Essa coluna desabafo tem motivo: estamos tentando ser mais saudáveis aqui em casa. Cada salada, uma vitória. Cada refeição equilibrada, uma alegria.
Cá entre nós, como é difícil comer direito. A teoria sabemos, a prática é o problema. Quando a porta da geladeira abre, tudo pode acontecer. Se comprou porcaria, vai comer e se arrepender (mas é tão bom). Enquanto escrevo isso, um lado do meu cérebro organiza as frases. E o outro fica pensando em ir na padaria e comprar tudo de gostoso que eu enxergar pela frente. Respira. Toma água pra afogar as lombrigas. Quando eu crescer, vou aprender a comer um pouquinho de tudo. Bem fina.