Vítima da guerra
Quem era Ranani Glazer, gaúcho morto pelo Hamas em Israel
Jovem participava de festa rave atacada pelo grupo no sábado; ele comemoraria 24 anos no dia 13 de outubro
Ranani Nidejelski Glazer, 23 anos, nasceu em Porto Alegre, em 13 de outubro de 1999, e tinha cidadania israelense. Há sete anos vivia em Israel, onde prestou serviço militar. Ele vivia em Tel Aviv com amigos e trabalhava como entregador. No sábado (7), estava com a namorada, Rafaela Treistman, na festa que foi invadida por soldados do Hamas. O corpo dele foi encontrado na noite de segunda (9).
“Você é um ser cheio de luz e eu não sou a primeira pessoa a te dizer isso, você sempre soube da sua luz, da sua energia e do seu potencial, e você nunca falhou em trazer essa vibe maravilhosa junto com você”, lamentou a namorada, em publicação sobre a morte de Ranani.
Publicações nas redes sociais mostram ele em pontos turísticos de Londres, na Inglaterra, Paris, na França, Lisboa, em Portugal, Amsterdã, na Holanda, e em Israel. Outras publicações mostram ele tocando violão e cantando, ou dançando e fazendo malabares em festas de música eletrônica.
O repertório sonoro em seu perfil varia desde Tempo Perdido, da banda Legião Urbana, até criações de Djs como Astrix, ou os brasileiros Blastoyz ou Vegas, com quem Ranani aparecia em momentos de amizade durante as festas que aconteciam em Israel.
Nas redes sociais, Glazer compartilhava publicações sobre a vida em Israel. Em uma fotografia em uma festa, em que ele aparece enrolado na bandeira do Brasil, o jovem escreveu "easy to find me on a rave" ("fácil me encontrar em uma rave"). Nas redes, o jovem também se mostrava um aventureiro, com passagem por diversos países. Fotos em Portugal, Amsterdã, França e Inglaterra foram publicadas no último ano.
Glazer tinha o sonho de ser DJ
Com gosto pela música, Glazer publicava diversos vídeos cantando e tocando violão. De acordo com postagens de seus amigos, o gaúcho, que gostava muito de frequentar raves, tinha o sonho de se tornar um DJ conhecido no Brasil.
"Seu sonho sempre foi ser um DJ famoso na cena trance brasileira e também pelo mundo. Hoje o Brasil inteiro te conhece, meu lindo Não pela razão que eu tanto gostaria que fosse, mas pelo herói que você foi dentro daquele bunker. Tenho certeza que você usou até a última gota de força que existia no seu corpo pra manter sua namorada à salvo e pra acalmar os que estavam à sua volta porque é isso que você é na vida das pessoas. Calmaria", escreveu em uma postagem no Instagram uma amiga de Glazer, Jade Kolker, que também estava na rave.
A namorada Rafaela também lamentou a morte do companheiro em uma postagem nas redes sociais. "Sei que você ainda tinha muitos sonhos que queria realizar, e eu te juro que estaria com você em cada um deles.. Você queria ser um DJ famoso no Brasil, queria que suas músicas fossem conhecidas, até escrevemos uma música nós dois... eu lembro de todas as vezes que cantamos a nossa música pra alguém que não tinha ouvido ainda, lembro da sensação que eu tinha de que quando cantávamos espalhávamos nossa energia positiva por todo lugar", escreveu a jovem.
O pai de Ranani mora em Israel e a mãe no Brasil. Ele estudou no Colégio Israelita, no bairro Rio Branco. A instituição divulgou nota em que lamenta a "dolorosa perda" do ex-aluno (leia a íntegra abaixo). Em fevereiro de 2023 esteve no Brasil pela última vez.
Serviço militar
Em 2019, publicou uma foto de “despedida do cabelo”, antes de começar o período de treinamento e dedicação ao exército israelense. As próximas cinco publicações mostram ele e colegas de tropa em atividade ou momentos de descontração.
Nota do Colégio Israelita
Prezada Comunidade Escolar,
Consternados e indignados , lamentamos a dolorosa perda de Ranani Nidejelski Glazer, ex-aluno do Colégio. Neste momento de profunda tristeza, expressamos nossos sentimentos à família, aos colegas e amigos de Ranani.