Vencedora do leilão em que arrematou a Companhia Carris Porto-Alegrense, a Empresa de Transporte Coletivo Viamão Ltda deve assumir a empresa pública da Capital em até 60 dias, segundo o prefeito Sebastião Melo. Na tarde desta segunda-feira (2), GZH foi até Viamão para saber o que pensam os usuários sobre o serviço prestado pela Viamão na cidade.

Entre os principais apontamentos dos passageiros, estão a falta de ar-condicionado nos veículos, a escassez e o descumprimento dos horários especificados no site da empresa.

Natural de Porto Alegre e morador do bairro Morro Grande, que fica a cerca de 20 quilômetros do centro de Viamão, Márcio Medina Rodrigues, 52 anos, aguardava pelo ônibus de volta para casa em uma parada na Avenida Coronel Marcos de Andrade na tarde desta segunda-feira. Ele conta que pega dois ônibus para ir à escola em que trabalha, em Alvorada, na Região Metropolitana, e outros dois para voltar.

— O transporte em Viamão é péssimo, poucos horários, os ônibus bem sucateados, deficitários. Agora, inclusive, eu peguei um que tinha só uma campainha funcionando em todo o ônibus. O pessoal reclamando toda hora ali que tinha que descer — descreve Medina.

A técnica de enfermagem Caroline Machado da Silva, 30 anos, moradora do distrito de Águas Claras, utiliza o transporte coletivo duas vezes por dia. Ela relata que, em dias de chuva, os motoristas deixam as janelas abertas e os passageiros se molham. Ela também reclama da falta de ar-condicionado e da superlotação.

— No dia de calor, o ônibus, desculpa a palavra, é uma lata de sardinha. É bem complicado. O calor é bem intenso, sabe? Fora a poeira, os ônibus sujos demais, está bem precário. Às vezes, os horários que eles botam no site não são os mesmos que eles cumprem. Muitas vezes, a gente fica na parada horas e horas esperando — diz Caroline.

A usuária reclama também da falta de acessibilidade e pede por mais limpeza nos ônibus.

— As roletas não são, vamos dizer assim, especializadas pra mim, que sou gordinha. Eles não pensam no público gordinho. O importante seria que os ônibus fossem um pouco mais limpinhos, ter um ar-condicionado, porque a gente que usa ônibus todos os dias também gosta de um pouco de conforto, né? Seria bom até para a nossa própria saúde — finaliza.

Já para Juan Padilla, 34 anos, trabalhador da construção civil, o transporte está satisfatório. Ele diz que voltou a utilizar o serviço recentemente e que, até o momento, não tem reclamações.

— Por enquanto, está bom. Eu estou me adaptando. Há muito tempo não pegava ônibus, agora comecei a pegar de novo. Mas por enquanto está bom, a empresa é boa, bom atendimento e tudo. Não tenho do que me queixar — avalia.

Climatização será obrigatória na Capital

O edital de venda da Carris prevê a climatização de todos os veículos como um dos primeiros compromissos da Viamão. E até o fim do primeiro ano de contrato, 60 ônibus, todos com ar-condicionado, precisarão ser adquiridos.

Gerente de projetos da Viamão, Jackson Rocha explica que, no município, o contrato não prevê esta obrigatoriedade e, por isso, apenas 20% dos veículos têm ar-condicionado. De acordo com ele, a frota atual da Empresa de Transporte Coletivo Viamão é de 271 veículos. Destes, 55 têm ar-condicionado.

60 mil usuários por dia

Dos 271 ônibus da empresa, 43 prestam serviço ao município de Viamão e 228 no sistema metropolitano. A empresa transporta diariamente uma média de 60 mil passageiros, sendo 13 mil no sistema urbano e 47 mil no metropolitano intermunicipal.

Renovação da frota

Conforme Jacksin Rocha, em 6 de setembro, a empresa recebeu 17 novos ônibus para ampliar a frota. Apesar de novos, nem todos têm ar-condicionado, uma vez que não é obrigatório. Jackson afirma que outros sete estão em processo de finalização na fábrica.

Em 11 de julho, a Viamão completou 70 anos de sua fundação. Atualmente, a empresa conta com 780 funcionários.