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Má conservação

Caixa d'água sob risco de cair na Restinga deve começar a ser desmontada na segunda-feira

Apesar de orientação para deixar o local, moradores seguem ocupando os imóveis na área sob justificativa de que não têm para onde ir

05/11/2023 - 13h13min


Marcelo Gonzatto
Marcelo Gonzatto
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Marcelo Gonzatto / Agência RBS
Estrutura de metal seguia balançando com o vento na tarde deste sábado, preocupando a comunidade.

A torre metálica de 30 metros que funcionava como caixa d'água em um condomínio na zona sul de Porto Alegre, sob risco de queda em razão de más condições de conservação, deverá começar a ser demolida na segunda-feira (6).

O temor de um colapso, ampliado pelo vento intenso que sopra na Capital nos últimos dias, era compartilhado por moradores que deveriam ter evacuado os prédios do entorno por orientação da Defesa Civil, mas seguiam no local na tarde de sábado sob a justificativa de que não têm para onde ir. Uma fita amarela e preta colocada ao longo da rua que dá acesso à entrada do condomínio era o único sinal de alerta.

O enorme cilindro localizado nas proximidades de dois edifícios com 20 apartamentos cada um e de uma escola infantil, situada no outro lado da rua, no bairro Restinga, já estava vazio e desativado em razão de problemas antigos como vazamento de água e falhas na rede elétrica interna. No meio da tarde de sábado, quando a reportagem de GZH esteve no local, a torre seguia balançando levemente à mercê do vento. Ainda assim, um grupo de moradoras tomava chimarrão na entrada de um dos prédios, e algumas crianças circulavam pelos arredores.

— Nos disseram para sair de casa, mas não temos para onde ir — explica a protetora de animais Bianca da Silva Duarte, 37 anos, que vive em um apartamento com quatro filhos pequenos.

A vizinha Antônia Regina Bueno afirma que a tensão é permanente:

— Ninguém dorme mais direito. Sempre tem alguém dando uma olhada pela janela pra ver se o vento não vai derrubar isso aí.

A vizinhança relata que apenas três famílias de um edifício e uma de outro conseguiram abrigo com amigos ou parentes. Também há preocupação entre os moradores com o grau de conservação de outras torres de mesmo porte localizadas no mesmo condomínio, na Rua Rudy Osmar Auler.

Algumas crianças costumavam brincar na base interna da estrutura, que tem uma porta por onde se acessa a caixa de eletricidade. Para reduzir os riscos, uma meia foi amarrada por entre os orifícios onde deveria passar um cadeado. Segundo os moradores, desde que um antigo síndico deixou a função sob desconfiança de irregularidades, optaram por não ter um novo administrador — o que dificulta ações de conservação ou recuperação. Três anos atrás, o mesmo reservatório já havia apresentado problema semelhante.

Marcelo Gonzatto / Agência RBS
Moradora mostra sinais de deterioração avançada na base do reservatório, onde também faltam pinos de fixação no solo.

Em razão do risco iminente de queda e da falta de capacidade do próprio condomínio, a prefeitura assumiu a tarefa de desmontar a caixa d'água. Após uma equipe de fiscalização atestar que não há como reparar a estrutura, a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Smoi) entrou em contato com uma empresa para providenciar a remoção.

Segundo a assessoria de imprensa da Smoi, a empresa argumentou que não teria como mobilizar a estrutura necessária para o serviço ainda durante o final de semana. O custo da operação ainda estava sendo detalhado no sábado. A expectativa é de que o serviço seja concluído ao longo da semana.

Em relação à permanência dos moradores no local, a prefeitura informa que os moradores foram orientados pela Defesa Civil e pelos bombeiros a deixar os imóveis por segurança, mas não chegou a haver notificação formal de caráter compulsório.


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