A forte chuva que atingiu algumas regiões do Estado na semana passada ocasionou cheias em diversos rios e consequentes alagamentos em uma série de cidades gaúchas. Os rios Caí, Taquari, Sinos, Uruguai, Gravataí, Jacuí ultrapassaram suas cotas de inundação, situação que ainda era registrada nesta terça-feira (21). O Guaíba, em Porto Alegre, onde as águas de muitos afluentes desembocam, também alcançou níveis históricos. A má notícia é que há previsão de mais chuva no RS nos próximos dias.

De acordo com o hidrólogo da Sala de Situação do Estado, Pedro Camargo, rios como o Caí, Gravataí e Jacuí estão com níveis bem elevados e o Sinos e o Uruguai seguem em elevação.

— A maior força será no município de São Borja, deverá ser a maior cheia do ano na região da Fronteira Oeste — projeta o especialista.

Para Camargo, o Estado precisaria de, pelo menos, uma semana de tempo com sol para que os mananciais e, por consequência, os municípios voltassem ao normal. No Rio Uruguai, em São Borja, Uruguaiana e Itaqui, por exemplo, seriam necessários ao menos de 15 dias de alívio da chuva.

— Mesmo que o volume dos rios escoasse, ainda há muita água retida no solo, impossibilitando um cenário menos problemático — diz o especialista.

Segundo a Defesa Civil do RS, mais de 28 mil pessoas ficaram desabrigadas ou desalojadas e esperam os mananciais retornarem aos níveis normais para retomarem suas vidas. Ainda, segundo a Defesa Civil gaúcha, cinco pessoas morreram em decorrência do mau tempo que afetou 177 municípios no RS. 

Confira os níveis dos rios na tarde desta terça-feira em relação aos volumes habituais:

• Caí: 7m09cm em São Sebastião do Caí (1,5 metros)
• Gravataí: 5m19cm em Gravataí (2,60 metros)
• Jacuí: 23m7cm em Triunfo (18 metros) 
• Sinos: 6m08cm em São Leopoldo (2,5 metros)
• Taquari: 14m37cm em Estrela (13 metros)
• Uruguai: 14m76cm em São Borja (9 metros)

Fonte: Sala de Situação Sema-RS

Em entrevista ao Gaúcha Mais, da Rádio Gaúcha, o também hidrólogo da Sala de Situação Stéfano Boeira lembra que novos episódios de chuva já voltam a acontecer a partir da noite desta terça-feira, se intensificando na quarta (22) e quinta-feira (23). Segundo Boeira , serão pancadas isoladas, não chuvas constantes:

— Causará alagamentos, mas não eventos extremos.

Por conta da situação atual dos rios em inundação, Boeira pede que as pessoas evitem chegar às margens e, em caso de real necessidade, que tenham cuidado.

Meteorologista da sala de situação do Estado, Lucas Fagundes não descarta temporais, granizo e vento forte nesta quarta-feira, especialmente na Campanha, no Centro-Norte, no Noroeste e no Sul. O tempo começa a melhorar no dia seguinte. Apesar de não ser uma chuva tão volumosa em relação a outros eventos climáticos, o fato dos rios estarem além das suas cotas de inundação, preocupa. 

— Como o solo está úmido, a vinda de mais chuva impede a evaporação a tempo de secar a terra — acrescenta Fagundes.

Guaíba deve se manter acima dos 3 metros

Ao marcar 3m46cm na tarde desta terça, o Cais Mauá, o Guaíba, em Porto Alegre, teve a maior cheia desde 1941, ano da grande enchente em Porto Alegre. Na ocasião, o lago atingiu a marca de 4m75cm.

Para Stéfano Boeira, não é esperado que o volume passe de 4 metros desta vez:

— O vento, na direção Sul e Sudeste sobre o Guaíba e a Lagoa dos Patos ajuda a represar essas águas. Os níveis devem se manter estáveis, podendo flutuar até 3,47m ou 3,48m, mas não mais do que isso. Se houve uma mudança de cenários, a Sala de Situação avisará.

Segundo seus prognósticos iniciais, os níveis do Guaíba - que recebe água vinda dos rios Caí, Sinos, Gravataí e Jacuí - deverão começar a baixar a partir de sexta-feira (24).