Coluna da Maga
Magali Moraes: uma pistola em casa
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Ela chegou: a pistola de P.U. Não fui contra, nem a favor. Mas respeitei a boa intenção por trás. Não foi uma compra por impulso na Bléqui. Foi a real necessidade de um cara que faz (com gosto) a manutenção da casa. Meu marido é um homem da paz, e sonhava com a tal pistola. Sorte nossa que P.U. não fere ninguém. Só nos protege das coisas que estragam. Ele é um engenheiro curioso, caprichoso, sempre ligado nas últimas tecnologias eletrônicas e em como revolucionar sua caixa de ferramentas.
O que se faz com uma pistola de P.U.? Cola coisas que estragam, o que não é tão simples assim. Um amador que se considera profissional (sem ofensas, amor) saberá usar direitinho esse negócio? O detalhe é que sou perfeccionista. Não vou manejar a dita cuja. Minha função será a fiscalização. Existem cores diferentes de P.U. O transparente, por incrível que pareça, não é bem transparente. Dizem que o incolor é. Será mesmo? Agora a cor que me dá calafrios é o P.U. preto. Pânico!
Obra
Já limpei muito resto de P.U. no último ano. O preto é o pior: gruda, mancha, lambuza. Lembra da minha obra na praia? Quem sobrevive à construção de uma casa, acompanhando tudo-tudo de perto, nunca mais esquece. Uns ficam com traumas, outros ganham poderes sensitivos e enxergam a obra fantasma ainda ali. E tem um grupo que depois se considera Especialista em Construção Civil, Mestre em Acabamentos. Meu marido faz parte dessa turma. Amo (e temo) sua disposição.
Você já viu uma pistola de P.U.? Não se guarda em qualquer gaveta. A pergunta de milhões: onde vamos guardar essa tranqueira? A pistola vai morar aqui em Porto Alegre ou lá na praia? Onde ela será mais útil? Resposta difícil, a manutenção de uma casa é imprevisível. Como estamos sempre indo e vindo, já imagino ela no banco de trás do carro. Ouvindo nossas conversas, nos acompanhando silenciosamente, querendo fazer parte dos nossos planos, formando um indesejado triângulo amoroso.