Quadro prolongado
Perda de memória, dor muscular e fadiga: pesquisa aponta quais são os principais sintomas da covid-19 longa
Estudo é liderado pelo Hospital Moinhos de Vento em parceria com o Ministério da Saúde
Fadiga e perda de memória são alguns dos sintomas relatados por pacientes que desenvolveram covid-19 longa. O alerta é do chefe do Serviço de Medicina Interna do Hospital Moinhos de Vento, Regis Goulart Rosa, responsável técnico por um estudo que analisa os efeitos do coronavírus sobre a qualidade de vida em pacientes que passaram pela doença sem necessitar de internação.
Conforme Rosa, o estudo liderado pelo Moinhos em parceria com o Ministério da Saúde, por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS), aponta que 41% dos pacientes que tiveram quadro leve da doença apresentam sintomas de covid-19 prolongado, sendo que mais de 95% tinham esquema vacinal completo. Ele observa, no entanto, que a vacina "mudou o jogo" contra a covid-19, especialmente para evitar o desenvolvimento de quadros graves da doença.
— Mesmo pacientes que não tiveram quadro severo da doença podem apresentar sintomas prolongados. Não é exclusividade de pacientes que tiveram covid-19 da forma grave como vimos três anos atrás — afirma.
Segundo o pesquisador, os sintomas são observados por pelo menos dois meses no intervalo de 90 dias após o diagnóstico inicial da doença.
— Isso demonstra que é algo que deve chamar atenção para políticas públicas de saúde voltadas principalmente para identificar pessoas que estão apresentando sintomas, verificar quais estão prejudicando a sua vida e estabelecer um processo de reabilitação — observa.
Quais são os sintomas mais observados
A pesquisa integra o Projeto Pós Covid-19 Brasil e acompanha, desde janeiro, 1.067 pacientes em quatro regiões do país: Sudeste, Sul, Centro-Oeste e Norte. Os sintomas mais comum apurados pelo estudo são perda de memória (23%), dor muscular (16%), fadiga (16%), dor de cabeça (10%), problemas de concentração (10%), perda de cabelo (8%), ansiedade (6%) e falta de ar (4%). Segundo Rosa, o objetivo é concluir o estudo até o final do ano.
Infectologista e diretor técnico do Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Fabiano Ramos reforça que os sintomas de covid podem persistir por bastante tempo e gerar alteração da qualidade de vida dos pacientes.
— O que a gente notava nos pacientes mais graves, que tinham internações com quadros mais graves, permaneciam debilitados da parte neurológica, com alteração respiratória, falta de ar, tosse prolongada e alteração de memória, se observa também nos casos mais leves — afirma Ramos.
Ele destaca que outras doenças também podem gerar sintomas prolongados, como tuberculose e dengue, mas alerta para a necessidade de se precaver contra a covid. O infectologista diz que a doença prolongada pode afetar a qualidade de vida e dificultar o retorno ao trabalho, por exemplo.