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Situação das estradas

Pesquisa aponta que 72,2% da malha rodoviária do RS apresenta problemas

Indicador registrou piora na comparação com o ano passado, puxado por agravamento em sinalização

29/11/2023 - 19h33min


Anderson Aires
Anderson Aires
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Mateus Bruxel / Agencia RBS
Pesquisa CNT de Rodovias avaliou 8.798 quilômetros em solo gaúcho, fatia que representa 7,9% do total pesquisado no país.

Após ensaiar melhora no ano passado, a situação das rodovias gaúchas engatou nova piora. Sete em cada 10 trechos das vias avaliadas no Rio Grande do Sul apresentam algum tipo de problema, segundo pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT) divulgada na manhã desta quarta-feira (29).

O raio X realizado pela entidade mostra que 72,2% da malha rodoviária do Estado não está em boas condições. No ano passado, esse percentual ficou em 66%. Esse indicador leva em conta vias em estado regular, ruim ou péssimo. As demais — 27,8% — entram no rol das consideradas ótimas ou boas. 

A edição 2023 da Pesquisa CNT de Rodovias avaliou 8.798 quilômetros em solo gaúcho, fatia que representa 7,9% do total pesquisado no país. O levantamento se espraia por toda a malha pavimentada das rodovias federais e pega os principais trechos estaduais. A coleta dos dados começou em julho deste ano e durou cerca de 30 dias. 

Abrindo os dados pelos critérios usados pela CNT, a piora observada no Estado foi influenciada, principalmente, pela sinalização. Esse fator voltou a apresentar problemas, com 70,1% da malha rodoviária com sinalização regular, ruim ou péssima. No ano passado, esse indicador estava em 55%. Geometria e pavimentação seguem com situação problemática, mas com pouca oscilação ante o observado no ano passado. 

O número de pontos críticos no Estado também cresceu, de 31 para 59 nessa análise anual. A pesquisa estima que os investimentos necessários para recuperar as rodovias no Estado com ações emergenciais de reconstrução, restauração e manutenção são de R$ 9,23 bilhões.

Matheus Matuella, mestre e professor no curso de Engenharia Civil na Universidade Feevale, ressalta o agravamento em sinalização de um ano para o outro com a falta de conservação: 

— A sinalização é composta por aqueles elementos nas rodovias que são expostos a intempéries. Com o próprio uso da rodovia e o passar do tempo, vão se deteriorando. Se não existir uma manutenção, vai acontecer o que a pesquisa está mostrando. 

Matuella destaca a parte da pesquisa que cita os investimentos no Estado. Segundo a CNT, do total de recursos autorizados pelo governo federal para a infraestrutura rodoviária no Rio Grande do Sul em 2023 (R$ 752,81 milhões) foram investidos apenas R$ 256,77 milhões até setembro, o que representa 34,1% do total. O especialista avalia que o represamento desses valores diante de burocracias impede solução mais efetiva e imediata: 

— Se a gente tivesse esse recurso mais facilitado e bem utilizado, talvez a gente não estivesse com esses problemas. 

A reportagem entrou em contato com a Secretaria Estadual de Logística e Transportes, que prepara nota sobre o tema. Até as 17h30min desta sexta-feira, não havia enviado o material. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) se manifestou por meio de nota (leia abaixo). 

País

Comparando com outros Estados, o Rio Grande do Sul fica no meio da tabela entre os melhores e piores resultados. Distante da situação mais crítica, observada no Amazonas (100% dos trechos com problema), e do melhor cenário, verificado em São Paulo (26%). Na região Sul, fica atrás do Paraná, que conta com 59,2% da malha rodoviária com problema, e praticamente empata com Santa Catarina (72%). 

No país,  67,5% das rodovias estão no guarda-chuva que abriga as classificadas como regular, ruim ou péssima. Os percentuais apresentam certa estabilidade no estado geral levando em conta o dado do ano passado (66%). Em âmbito nacional, o estudo avaliou 111.502 quilômetros de rodovias pavimentadas. Esse montante corresponde a 67.659 quilômetros da malha federal e a 43.843 quilômetros dos principais trechos estaduais. 

Segundo a CNT, a nova edição da pesquisa reforça a necessidade de “continuar mantendo investimentos perenes que viabilizem a reconstrução, a restauração e a manutenção das rodovias”.

O que diz o Dnit

O DNIT informa que monitora mensalmente a condição da malha rodoviária sob sua jurisdição e trabalha para garantir o melhor nível de serviço dentro da disponibilidade orçamentária. Esse monitoramento é realizado por uma metodologia própria de avaliação das condições da manutenção do pavimento e da conservação das rodovias federais em todo o país. O Índice de Condição da Manutenção (ICM) tem o objetivo de manter uma radiografia atualizada das condições da malha federal sob jurisdição da autarquia, que considera a situação da pista, sinalização, funcionamento dos dispositivos de drenagem, entre outros itens. O ICM é dividido em quatro faixas classificadas como: bom, regular, ruim e péssimo. O monitoramento do ICM busca ainda utilizar as informações apuradas na tomada de decisões sobre investimentos.

A partir de um planejamento integrado, de valorização da gestão técnica e ampliação dos investimentos do Governo Federal ao longo deste ano foi possível assegurar a manutenção da malha rodoviária e dar celeridade ao andamento de obras estruturantes em todo o país.

No Rio Grande do Sul, o DNIT administra aproximadamente 4,8 mil quilômetros de rodovias, sendo que 99,4% está coberto por algum tipo de contrato (manutenção/conservação, restauração ou construção), garantindo a trafegabilidade das rodovias em condições adequadas.

Conforme o último levantamento realizado pelos técnicos da autarquia (outubro/23), em mais de 3,2 mil quilômetros das rodovias (68%) o ICM apontou que as condições são boas; cerca de mil quilômetros (22%) estão regulares e 322 quilômetros (7%) foram classificadas como ruins. O monitoramento aponta que houve melhora nas rodovias gaúchas sob administração do DNIT no comparativo com o mesmo período do ano passado quando o índice Bom era de 59%, Regular era 26% e Ruim 13%.

Importante destacar que o Rio Grande do Sul desde o mês de julho vem sofrendo com condições climáticas severas - como ciclones extratropicais e chuvas intensas -, que estão afetando o avanço do índice. Contudo, a autarquia salienta que em boa parte dos casos, os trechos estão sendo liberados rapidamente e os reparos realizados de forma emergencial por meio dos contratos de manutenção rotineira vigentes nas respectivas rodovias.

O ICM pode ser acompanhado no site do DNIT, por meio do link: www.gov.br/dnit/pt-br/rodovias/mapa-de-gerenciamento .


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