Maratona de testes
Provas do Vestibular UFRGS 2024 não fugiram do padrão, analisam professores
Veja como foram as avaliações, aplicadas neste final de semana no Rio Grande do Sul; primeiro dia teve abstenção de 11,51%
Neste final de semana, foram aplicadas as provas para o concurso vestibular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) para ingresso em 2024. No sábado (25), primeiro dia do exame, 2.548 candidatos não compareceram. Segundo informações da Comissão Permanente de Seleção (Coperse), a abstenção de sábado foi de 11,51%, índice inferior ao registrado no primeiro dia do vestibular anterior, de 16,75%.
No sábado, foram aplicadas as provas de História, Língua Portuguesa, Literatura em Língua Portuguesa, Matemática e Redação — confira o gabarito oficial. No total, foram 60 questões de múltipla escolha mais a produção do texto. Já neste domingo (26), foi a vez de resolver as provas de Biologia, Física, Geografia, Língua Estrangeira Moderna e Química, com 75 questões.
As provas foram aplicadas nos municípios de Porto Alegre, Bento Gonçalves, Canoas, Gravataí, Imbé, Novo Hamburgo e Tramandaí. Neste ano, foram 22.138 inscritos para 4.023 vagas em 97 opções de graduação. O curso mais concorrido é Medicina, com 70,29 candidatos por vaga. O listão de aprovados deve ser divulgado até as 17h do dia 11 de dezembro, conforme a instituição.
Primeiro dia de provas
Para o professor Arthur Barcellos Bernd, do Anglo Vestibulares RS, a prova de Matemática teve um grau de dificuldade maior do que nos últimos dois anos, mesmo após a mudança de formato.
— Foi muito focado em geometria, como no ano passado, e antes não era assim. Metade da prova foi focada em questões desse conteúdo — avalia.
Os professores do cursinho pré-vestibular analisaram a prova e consideram que há uma questão de matemática que deve ser anulada, pois há duas respostas corretas, e não uma só, como deveria ser. Trata-se da questão 46, que aborda expressões numéricas. No gabarito, a resposta é a B, mas o item A também poderia ser considerado correto, segundo os professores.
O assistente administrativo do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) Jarede Alexei, 24 anos, prestou o vestibular pela segunda vez neste ano. Ele fez as provas no Campus Central da UFRGS e conta que também achou a prova mais difícil neste ano.
— Confesso que estava mais fácil no ano passado, esse ano foi um pouco complicado. Fiz cursinho pré-vestibular agora. A prova de sábado estava tranquila, a prova de linguagens era bem cansativa, com muitos textos para ler, mas faz parte. Aprendi a ter mais paciência e resistência para fazer a prova, pensar com calma — conta o estudante, que está concluindo um curso técnico em TI e quer fazer faculdade de Medicina Veterinária.
Por outro lado, os professores consideraram a prova de História mais simples. Caiu uma questão com uma canção do Gilberto Gil e temas ligados a atualidades, como a Primavera Árabe e o trabalho das empregadas domésticas. Segundo o professor Leo Spallone, do curso pré-vestibular Fleming, a novidade é que havia mais questões gerais do Brasil do que questões focadas no Rio Grande do Sul.
— Estava surpreendentemente fácil, considerando os alunos que estudaram, que se prepararam. Apesar de sempre ser equilibrado, veio um pouco mais de questões sobre Brasil. Mas tinha questões simples, algumas delas podiam ser respondidas pelo próprio texto base. Os alunos que estudaram têm total condição de gabaritar. Comparado com o vestibular anterior, a prova está numa escala descendente de dificuldade — analisa o professor.
A prova de Literatura manteve o padrão de sempre, com ênfase nas leituras obrigatórias.
—Sou candidata a uma vaga de bacharelado em Teatro, é um sonho que eu já tinha. Eu tinha tentado por ingresso diplomado e não fui selecionada na entrevista, então, resolvi tentar a sorte no vestibular. A prova de Literatura foi fácil para quem leu as leituras obrigatórias. Algumas questões traziam comparações entre obras, achei isso interessante — diz a professora aposentada Célia Trevisan, 58 anos.
Já a prova de Língua Portuguesa também pode ser considerada fácil, de acordo com o professor Francis Madeira, do cursinho Fleming.
— Havia as tradicionais questões de deslocamento de segmentos adverbiais, adjetivos, questões de identificação de classes, com substantivo, adjetivo e advérbio, e também análise sintática, que não aparecia na prova desde que foi alterado o número de questões — afirma.
No sábado, além das questões, foi o momento de redigir a tradicional Redação. O tema foi a seguinte provocação: “Que História pode e deve ser ensinada?”. A proposta tinha como base o texto “Deixem a História em paz”, do professor titular de História da Unicamp Jaime Pinsky. Para professores ouvidos pelo Diário Gaúcho, o tema é familiar aos alunos e, ao mesmo tempo, valoriza as vozes dos candidatos. De acordo com o professor Leonardo Jaskulski, do Fleming, a proposta de redação da UFRGS seguiu uma tendência, iniciada em 2018, de propor uma produção textual que discute uma reflexão presente em outra produção textual.
Segundo e último dia de provas
Os professores também consideraram o segundo dia de provas sem surpresas, mantendo o padrão tradicional das avaliações da UFRGS. A prova de Geografia apresentou temas pertinentes da atualidade, como a questão das mudanças climáticas e dos ciclones que atingiram o Rio Grande do Sul, bem como distribuição da água e o censo demográfico de 2022. Caíram conteúdos como escala, cartografia e orientação.
A prova de Física foi bastante conteudista, segundo o professor Bernardo Dias Machado, do cursinho Fleming, e muito bem elaborada.
— Se comparada aos dois últimos anos, tivemos uma prova bem elaborada, com questões bem contextualizadas e diretas, em que o candidato estava sendo avaliado claramente pelo seu domínio de interpretação e conhecimentos específicos dos conteúdos. Um destaque especial para a temática abordada em física moderna, principalmente para a última questão da prova sobre efeito fotoelétrico — acrescenta o professor.
Para quem escolheu o Inglês como língua estrangeira, caso de boa parte dos candidatos inscritos no vestibular, a prova também seguiu o padrão esperado. Caíram questões de interpretação textual, vocabulário, verbos e semântica, por exemplo. Já a prova de Biologia pode ser considerada de dificuldade média, trazendo tópicos como ecologia, cadeia alimentar, genética, embriologia e histologia. O que predominou foram as questões de citologia e ecologia, segundo os professores.
Por fim, a prova de Química contemplou conteúdos de váras áreas, dividida entre química geral, química orgânica e físico-química.
— Foi uma prova bastante inteligente. Contou com temas fundamentais da química, mas questões de nível médio para difícil. Com olhar atento e interpretação com calma, os alunos conseguiam resolver com tranquilidade. A prova foi feita com bastante capricho, mais aprofundada do que nas últimas edições — conclui o professor Leonardo Uhlmann, do Fleming.