Coluna da Maga
Magali Moraes: chester ou peru?
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Daqui a uma semana, nossas geladeiras e freezers terão algo em comum: o personagem principal da ceia natalina. Ele ocupará um espaço enorme lá dentro, apertando todo o resto e atrapalhando a rotina. Provavelmente estará em processo de degelo pra depois ir ao forno por longas horas. Talvez em algumas casas ele já esteja mergulhado no vinho branco ou cerveja, na tentativa de garantir suculência e sabor extra. Os fabricantes gostam de temperá-lo, sem conhecer o nosso gosto.
Cada família tem um cardápio diferente pra ocasião: receitas das avós e mães que trazem memória afetiva, pratos clássicos ou novidades, ceia encomendada ou feita a muitas mãos. Mas sempre haverá lugar pra ele. Peru ou chester, qual vai ser a sua escolha? Aqui em casa, vamos de chester. É o fim de uma era. O peru que me perdoe, deu pra ele. Sua carne não é tão boa assim. Seu sabor deixa a desejar, mesmo com as dicas da internet. Peito? Teremos. Briga pelas duas coxas? Também.
Mistureba
Outras coisas que não podem faltar na ceia de Natal: a piada do pavê, a cara feia pra uva passa, o panetone, a mistureba de doce e salgado no prato, o voluntário pra cortar o peru ou chester. Acho que o que mais modifica nem é a comida, e sim a data. Novos arranjos são bem-vindos pra possibilitar os encontros. É Natal antecipado na agenda. É Natal dos vizinhos, dos colegas de trabalho, do colégio, da academia. É Natal na noite de 24 de dezembro ou no almoço do domingo 25.
E tem o Natal em dose dupla, no estilo gincaninha, indo em duas festas pra conciliar os dois lados da família. Por décadas fizemos isso, metade da noite na casa dos meus pais e depois correndo pra casa dos meus sogros. Duas ceias e um só estômago. O melhor de tudo? As sobras no dia seguinte, poder comer com calma e de pijama. Mal faz a digestão, e a cabeça já muda de chip pra organizar a comilança do réveillon. O peru e o chester saem de cena, entram as simpatias em forma de alimento.