Coluna da Maga
Magali Moraes: dia da canela
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Vou dar as boas vindas a dezembro igual a todos os inícios de mês: fazendo a simpatia da canela pra garantir prosperidade. Já virou um ritual a cada dia primeiro. Quem sou eu pra duvidar dos poderes mágicos dessa especiaria? Cientistas provavelmente torcem o nariz. Mas o povo sempre tem razão. Ninguém precisa de laudos técnicos pra saber se funciona ou não. Simpatia é crença, sabedoria popular, jogar pro universo e acreditar que vai dar certo. Um pouquinho de canela e de fé!
Pra quem não conhece, eu explico. A gente abre a porta da rua, como se estivesse entrando em casa. E assopra pra dentro do ambiente o punhado de canela que está na palma da mão. Dizem que é a direita, o que talvez explique alguns meses magros (já devo ter colocado canela na palma da mão esquerda, aposto). Importante: antes de assoprar, tem que dizer a frase "Quando a canela eu soprar, a prosperidade vai adentrar". Eita verbo esquisito. Aceitam-se variações sem perder o significado.
Concentração
E, se bem na hora, um vizinho te vir em plena ação? Mantenha a concentração. Não faço ideia se pode interromper ou repetir uma simpatia. Com o perdão do trocadilho, que ele seja simpático. E não atrapalhe o momento com perguntas do tipo "Esse treco funciona mesmo?". Foco na prosperidade! O que sempre me pergunto é a quantidade certa de canela. Se for pouca, os deuses podem achar que só queremos um tantinho de fartura. Se for demais, podemos ser taxados de exagerados.
Como também acredito na limpeza, eu assopro a canela e já quero limpar tudo. Isso deve ser errado. Então me seguro, finjo que não vejo o chão salpicado de canela, entro e fecho a porta. Depois volto lá com um paninho discreto. Tem muita subjetividade no passo a passo de uma simpatia. Já que não é ciência exata, a gente fica sem parâmetros. Em todo caso, eu boto fé. Com ou sem canela, que o último mês do ano nos traga abundância de felicidade, conquistas, amor e evolução.