Direto da Redação
Michele Vaz Pradella: "Marcas do que se foi, sonhos para o que virá em 2024"
Todas as quartas-feiras, jornalistas do Diário Gaúcho opinam sobre temas do cotidiano
Chegamos às últimas páginas de 2023, e como sempre acontece antes que fechemos o livro do ano que está acabando, é tempo de pensar sobre o que conquistamos, perdemos, por que rimos ou choramos, enfim, qual foi a lição que os últimos 365 dias deixaram. A cantora Simone pergunta a plenos pulmões o que você fez, e aí, temos respostas satisfatórias ou preferimos ignorar os acordes da canção? O ano termina e nasce outra vez, hora de renovar as esperanças pro que virá.
Sagitariana otimista que sou, procuro ver o copo meio cheio. E vamos combinar que, por pior que tenha sido o seu 2023, dificilmente será pior do que 2020 e 2021, o auge da pandemia de covid-19.
Meu grande desafio neste ano foi colocar em prática a série de reportagens "Lá Vou Eu", na qual conferi de perto como está a acessibilidade de alguns locais públicos tradicionais de Porto Alegre. Confesso que a maior barreira não foi arquitetônica, e sim emocional. Precisei vencer medos, inseguranças e incertezas para mostrar um pouco da nada mole vida de uma pessoa com deficiência. Como repórter e personagem das matérias, me expus como nunca, afinal, não era só o meu nome que estava ali, me entreguei de corpo inteiro – literalmente – a um projeto que é maior do que eu ou do que o DG. As mudanças, por menores que sejam, podem facilitar a vida de muitas pessoas. E isso vale todo o suor e as lágrimas derramadas.
Que seja melhor
Não sou de fazer lista de objetivos para o novo ano, mas mantenho o caderninho de desejos sempre repleto de palavras. E, principalmente depois de ter comprado essa briga por mais acessibilidade, meu maior sonho é que não precisemos cobrar. Que seja óbvia, antes de qualquer obra de infraestrutura, a preocupação em eliminar barreiras arquitetônicas. Que 2024 seja de mais rampas e menos degraus, para que a travessia do próximo ano nos seja mais leve.