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Cinco anos depois

Réus são condenados pelo assassinato de jovem dentro de hospital em São Leopoldo

Gabriel Vilas Boas Minossi, 19 anos, foi confundido com criminoso rival do grupo e executado a tiros dentro do Hospital Centenário em novembro de 2018

14/12/2023 - 13h53min


Jean Peixoto
Jean Peixoto
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Mateus Bruxel / Agencia RBS
Julgamento dos cinco réus pelo assassinato de Gabriel Minossi ocorreu nesta terça-feira.

Os cinco réus pelo assassinato de Gabriel Minossi, 19 anos, morto a tiros por engano dentro do Hospital Centenário, em São Leopoldo, em 2018, foram condenados. O júri teve início na manhã desta terça-feira (12) e encerrou por volta de 23h, quando o juiz José Antônio Prates Piccoli leu a sentença.

Quanto às condenações, nos cinco casos, o regime inicial é fechado:

  • William Gabriel Almeida Pereira foi condenado a 18 anos, um mês e oito dias de reclusão
  • Jorge Gilberto da Silveira Júnior pegou 21 anos, cinco meses e 15 dias de reclusão
  • Lucas Gabriel Pereira Nunes pegou 48 anos de reclusão
  • Deivid Silva de Ávila foi condenado a 42 anos e 15 dias de reclusão
  • E Eberson Ferreira Almeida pegou 26 anos e dois meses

Os cinco já estavam presos pelo crime.

De acordo com a denúncia do Ministério Público (MPRS), o grupo pretendia assassinar um inimigo que esteve internado no mesmo quarto do hospital em que Gabriel estava quando foi morto por engano. O crime aconteceu por volta de 4h do dia 11 de novembro de 2018, uma sexta-feira. Gabriel estava hospitalizado após sofrer um acidente de trânsito. 

Os cinco réus foram acusados por homicídio qualificado, com as qualificadoras de motivo torpe, por envolver desavença entre suspeitos de tráfico de drogas, e recurso que dificultou a defesa da vítima

Eles também respondem por duas tentativas de homicídio, já que um outro paciente e sua companheira ficaram feridos durante os disparos que mataram Gabriel. Neste caso, a qualificadora também é recurso que dificultou a defesa das duas pessoas feridas. Segundo a denúncia do MPRS, eles também foram acusados de formação de quadrilha e receptação de carro roubado.

Durante a manhã, o pai e a mãe de Gabriel acompanharam a sessão no plenário. O pai conversou com a imprensa, mas a mãe estava muito abalada e não teve condições de conceder entrevista.

Acusados negaram autoria

Os acusados depuseram durante o dia e negaram participação no crime. Deivid Silva de Ávila, que é apontado como um dos atiradores, alegou que estava em Florianópolis, em Santa Catarina, quando aconteceu o crime. 

Eberson, que estava preso à época do crime, e é acusado de ser o mandante do assassinato, negou ter ordenado a execução de Alex Junior Abreu Tubiana, que seria o alvo do ataque. 

Acusado de ter rendido vigilantes do hospital, enquanto os comparsas seguiram até o quarto de Gabriel, o réu Jorge Gilberto da Silveira Júnior, terceiro réu a ser ouvido, alegou que não conhecia nenhum dos outros réus. 

Lucas Gabriel Pereira Nunes relatou ter sido preso antes por roubo e que chegou a conhecer Tubiana, mas apenas de vista. Ele também negou participação na morte de Gabriel e disse que não lembra o que estava fazendo no dia do crime.

William Gabriel Almeida Pereira também negou participação no crime.

Acusação e defesas se manifestam

Durante a tarde, após o término dos interrogatórios, teve início a fase de debates entre acusação e defesas. Cada parte teve duas horas e meia para apresentar suas alegações. Após o promotor de Justiça Eduardo Lorenzi fazer uso do seu tempo, por volta de 18h foi a vez das defesas se manifestarem. Os representantes de cada réu tiveram direito a meia hora para se manifestarem.

A primeira a falar foi a advogada Jeisi Ferreira, que representa Eberson. Na sequência, foi a vez da advogada Patrícia Savela, que representa William. Depois, quem fez uso da palavra foi Celso Souza Lins, representando Deivid, seguido da Defensoria Pública, que representa Jorge Gilberto da Silveira Júnior. Quem finalizou a fase de debates foi Renan Bergerhoff, advogado de Lucas Gabriel Pereira Nunes.

O Ministério Público não fez uso do direito de réplica. Por volta de 20h30min, os jurados já estavam reunidos para deliberar sobre a sentença.

Contrapontos

O que diz a defesa de William Gabriel Almeida Pereira

A advogada Patrícia Savela, que representa William Gabriel Almeida Pereira, afirma que vai recorrer da decisão.

O que diz a defesa de Jorge Gilberto da Silveira Júnior

O defensor público Lisandro Luís Wottrich, que representa Jorge Gilberto da Silveira Júnior, diz que vai recorrer e que considera o júri nulo.

— Eu entendi que o júri é nulo, porque eu pedi adiamento do júri, até que fossem juntadas duas perícias, que foram solicitadas ainda durante a investigação criminal e nunca vieram ao processo. Eu entendo que a prova contra o Jorge é ilícita, inconstitucional, e pretendo ir ao STF — diz o defensor.

O que diz a defesa de Lucas Gabriel Pereira Nunes

O advogado Renan Bergerhoff, que representa Lucas Gabriel Pereira Nunes, diz que muito embora respeite a decisão dos jurados, entende que a gravação ambiental utilizada como prova no processo é inconstitucional, ferindo o Direito ao Silêncio. Ainda, segundo ele, houve provas que foram solicitadas e não estavam no processo, impedindo uma ampla defesa. Por fim, declara que recorrerá da decisão no Tribunal de Justiça, ou até ao Supremo Federal caso haja necessidade.

O que diz a defesa de Deivid Silva de Ávila

GZH entrou em contato com o advogado Celso Souza Lins, que representa Deivid Silva de Ávila, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.

O que diz a defesa de Eberson Ferreira Almeida

A advogada Jeisi Ferreira, que representa Eberson Ferreira Almeida, diz que "a defesa acredita na anulação do julgamento em razão das nulidades que foram consignadas no início da sessão plenária, especialmente em razão da ausência de perícias e discussão acerca da ilicitude da prova produzida na fase policial".


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