Despesas de final de ano
Saiba como aproveitar melhor o 13º salário
Alívio nas dívidas para uns, festas e presentes para outros. Seja qual for a finalidade, é preciso ter atenção ao uso do dinheiro
Em um cenário ideal, o 13º salário seria usado para fazer frente às despesas extras do período de festas de final de ano e férias de verão. Mas essa destinação não é realidade para a maioria das pessoas, segundo o professor de Economia da Fadergs Jorge Ussan. Por isso, é importante traçar algumas estratégias para equilibrar o uso do dinheiro e aproveitá-lo melhor.
– Primeiro, é necessário saber priorizar o que pagar. Por exemplo, o cheque especial e o rotativo do cartão, por causa da alta taxa de juros, são dívidas que devem, na medida do possível, ser quitadas. Elas são uma bola de neve – destaca.
Contas em atraso também devem ser o foco. Isso porque, o professor aponta, com a possibilidade de pagar à vista, elas normalmente podem ser renegociadas e abatidas por um valor menor.
Gastos extras
Dada a devida atenção ao que precisa ser pago, também é necessário se planejar para os gastos que aparecem no final do ano. Eles são inúmeros e, em meio a tantas promoções – muitas com possibilidade de parcelamento –, podem ser uma armadilha.
– Não existe parcelamento sem juros. Se não está explícito, normalmente já foi embutido no preço. Então, o melhor é evitar e parcelar apenas bens mais caros e não urgentes – aponta.
A dica de Jorge é comprar tudo o que for possível à vista e buscar descontos. Para isso, ele dá outro conselho: na hora de pechinchar para pagar à vista, procure os menores comerciantes.
– As lojas grandes têm limitação para dar descontos, mas as pequenas, de bairro, têm mais liberdade. A negociação costuma ser feita com o proprietário e se você tiver o valor para pagar no Pix, por exemplo, é mais fácil de ele aceitar a oferta – observa.
Impostos
Outro fator a ser levado em consideração é a possibilidade de adiantar e pagar com desconto impostos clássicos da época, como o IPTU e o IPVA, diz o professor. Dependendo dos valores, a antecipação do pagamento pode valer a pena:
– No caso do IPTU, por exemplo, se é um valor mais alto, o adiantamento com desconto pode compensar.
Dívidas, presentes e planejamento
Para a secretária escolar Débora Joinhas, 53 anos, este é um ano atípico. Pela primeira vez, ela não recebeu o adiantamento do 13º salário. A mudança afetou a rotina da funcionária pública.
– Desta vez, precisei trabalhar meu emocional e buscar um empréstimo consignado porque esse alívio (o adiantamento) não veio no meio do ano – conta a moradora do bairro Rondônia, em Novo Hamburgo.
Com isso, o dinheiro que era destinado ao pagamento de despesas e na segunda parcela às compras de fim de ano e férias, agora, terá finalidade diferente. Ainda assim, rigorosamente planejada:
– Não dá para investir, então vou usar para desafogar um pouco as dívidas, comprar presentes e as coisas para as ceias (de Natal e Ano-Novo).
Nos planos de Débora, há espaço também para pensar em 2024. É que ela tem consciência de que o período pós-férias costuma ser de aperto financeiro.
– É preciso ter uma reserva porque o salário (ao voltar de férias) é menor. Então, tem que guardar uma parte –finaliza.
Cuidados para os autônomos
Apesar de não receberem 13º salário, Jorge destaca que trabalhadores autônomos e informais também devem cuidar do planejamento financeiro no final do ano.
– Muitas vezes, há mais serviço ou mais vendas nessa época e o faturamento (desses profissionais) aumenta. Então, sei que não é fácil, mas tem que olhar com atenção para essa sazonalidade – afirma o professor.
Ele diz que esse é momento para, se possível, fazer um “colchão” e evitar um período de dificuldades durante a baixa temporada nas cidades grandes, quando o movimento de clientes e a quantidade de serviço tende a diminuir.
– Nem todo mundo que trabalha por conta própria vai acompanhar o fluxo de clientes para o litoral durante o verão, por exemplo. É preciso ter alternativas – fala.
Veja dicas
- Faça um balanço de quanto há para receber e todas as despesas que terá, separando o que são as dívidas, as compras e os investimentos, para que possa tomar decisões conhecendo sua situação financeira.
- Aproveite o momento para “trocar dívidas caras por baratas”, ou seja, quite o que tiver juros mais altos, como o limite bancário e o rotativo do cartão. Se necessário, um empréstimo a juros mais baixos também pode ser uma alternativa para essa troca.
- Tenha um caderno de controle, com anotações de o que é, quanto custou e a forma que será ou foi pago.
- Evite usar vários cartões e fazer diversas compras parceladas. Isso pode causar uma falsa sensação de que se está comprando pouco e levar ao endividamento. Tenha controle do impacto a longo prazo.
- Se puder, prefira adiar as compras e pagá-las depois à vista.
- Lembre-se de que toda a compra feita em prestações diminui o seu crédito futuro. Ou seja, haverá menos margem para uma urgência.
*Fonte: Jorge Ussan, professor de economia da Fadergs
*Produção: Guilherme Jacques