As más condições de uma pracinha infantil localizada no Parque Farroupilha, a Redenção, preocupam usuários do espaço público. O local fica junto à Rua José Bonifácio, onde a reportagem esteve nesta quarta-feira (10) e identificou alguns dos problemas relatados. 

O principal deles diz respeito aos brinquedos. Em uma passarela, está faltando uma das tábuas, o que deixa um vão na estrutura e representa risco às crianças que transitam por ela. Duas gangorras estão sem corrimãos.

A falta de equipamentos também é visível. Pelo menos três balanços foram removidos, restando apenas as correntes que os prendiam. Parte do piso, que é revestido com uma espécie de borracha colorida, está escurecido e acabou cedendo, o que deixa expostos tijolos e concreto. No meio da praça, um bebedouro apresenta vazamento e alaga parte do terreno. 

Mãe de uma criança pequena e frequentadora da praça, Beatriz Birkhan, 48 anos, se preocupa com a segurança das crianças que brincam no local.

— A gente mora aqui perto da Redenção desde que meu filho nasceu. A criança conhece cada recanto, cada espacinho, e agora ela chega aqui e não tem os brinquedos que ela estava acostumada a brincar. Os brinquedos foram retirados da noite para o dia, e os brinquedos que estão aqui estão bastante deteriorados, quebrados, faltando pedaços e até com perigo de crianças se cortarem e se machucarem — lamenta a moradora.

Usuários do espaço se queixam também de partes da estrutura que foram retiradas pela própria prefeitura. É o caso de um balanço de cordas e de uma passarela que ficava em um dos brinquedos que funciona como uma trilha. Morador da região e membro do coletivo Preserva Redenção, Paulo De Tarso, que estava com o neto no local, alega que o local nunca passou por manutenção.

—  Tudo que vai estregando por aqui é por falta de manutenção. Eu vi a praça ir se degradando com o passar dos anos. A gente quer uma solução, quer que alguém da prefeitura passe aqui, a cada dois meses que seja, para verificar como estão as estruturas. A gente não vê manutenção aqui desde 2020, quando o espaço foi inaugurado. Esse nível de degradação não ocorre de um semestre para o outro, é uma coisa que vem de tempos — pontua Paulo. 

O morador chegou a fazer dois registros cobrando providências e relatando o problema à prefeitura, um em abril de 2023, por meio da ouvidoria do município, e outro em dezembro do mesmo ano, pelo canal 156.

De Tarso também procurou o Ministério Público (MP). Um procedimento, chamado Notícia de Fato foi instaurado no dia 19 de dezembro de 2023. Conforme o MP, um ofício deve ser emitido, pedindo para o município se manifestar referente à queixa recebida pelo Ministério Público. A partir da emissão desse ofício, o município terá 20 dias para responder. 

Na última semana, a prefeitura de Porto Alegre esteve na pracinha realizando um levantamento das condições do local. Fotos dos equipamentos foram tiradas. Conforme o secretário de serviços urbanos de Porto Alegre, Marcos Felipi Garcia, o Executivo Municipal deve fazer reparos na pracinha no primeiro semestre deste ano. 

— Só no último ano, a gente fez um investimento de R$ 400 mil na Redenção. Em 2024, a gente tem um valor de mais de R$ 500 mil, provenientes de orçamento próprio da pasta, que devem ser investidos no primeiro semestre do ano no telamento da quadra Ramiro Souto, na troca de bebedouros e na manutenção nos parquinhos. Nossa vistoria identificou que alguns equipamentos oferecem risco para as crianças. Esses equipamentos já foram retirados, e outros começaram a ser consertados in loco. Uma troca de alguns equipamentos já deve ocorrer no primeiro trimestre — promete o secretário. 

A secretaria não detalhou quais reparos já foram feitos no local, e nem a data da última vez que o parquinho passou por revitalização. A secretaria também não confirma em que mês do primeiro semestre os reparos devem ser concluídos.

A pracinha foi construída como uma contrapartida em 2020, ainda na gestão do prefeito Nelson Marchezan Júnior. O equipamento público custou R$ 203 mil. Na época, a prefeitura de Porto Alegre explicou que se tratava de um projeto arquitetônico moderno e acessível, com espaço interativo.

* Produção: Maria Eduarda Stolting