Destaque sobre rodinhas
Conheça a "Fadinha Gaúcha", a menina de 11 anos que vive na Restinga e brilha no skate
Daffine Machado foi campeã da modalidade street do Campeonato Gaúcho de Skate e ficou em sétimo no Brasileiro
Aos 11 anos, Daffine Machado já é uma sensação do skate no Rio Grande do Sul. A menina, moradora da Restinga, bairro da zona sul de Porto Alegre, se destaca no esporte desde pequena. No ano passado, Daffine conquistou o primeiro lugar na modalidade street no Campeonato Gaúcho de Skate, na categoria mirim, e a sétima colocação no Campeonato Brasileiro, sub-12, o Brasileirinho, que aconteceu em Belém, no Pará.
O interesse pela modalidade surgiu quando sua mãe, Cintia Machado, 43 anos, a levava, com os irmãos, para a pista de skate da Restinga, que passou por revitalização em 2023.
— Levava ela para brincar na pista, que fica bem perto de casa. Ela sempre pedia (um skate) emprestado e ficava brincando, até que começou a pegar o jeito — explica a mãe.
O esporte foi conquistando o coração de Daffine aos poucos. Sem intenção, ela se divertia com um skate infantil emprestado por um primo, descendo lombas e tentando realizar manobras. Quando completou nove anos, no começo da pandemia, ela tomou uma decisão: queria um skate de verdade. Os pais, com esforço, realizaram o sonho da filha e compraram um usado.
— Depois que começou a andar no skate que demos a ela, não parou mais. Foi aprendendo algumas manobras, que praticava na pista da Restinga, e até participou de um campeonato no bairro, conquistando o terceiro lugar. É um orgulho, e não tenho palavras para descrever a sensação de ter uma filha que anda de skate, algo que sempre gostei e que percebo que ela é apaixonada — conta a mãe.
Questionada como se sente ao praticar o esporte, Daffine é direta:
— Me sinto muito feliz. Eu amo andar de skate.
Nas redes
Ao notar o talento da filha, Cintia criou uma conta no Instagram (@daffinemachado) para compartilhar fotos e vídeos de Daffine realizando manobras e participando de campeonatos.
No início, a mãe recorda que tinha poucos seguidores e enfrentou desafios para se adaptar às redes sociais. Gradualmente, ela foi aprendendo, buscando orientações, principalmente com pessoas que frequentavam as pistas com Daffine.
— A gente interage bastante no Instagram e no Facebook. No início foi um pouco difícil, mas fui aprendendo. Ela também costuma responder às vezes, fala com as pessoas — explica.
Apoio
Os pais batalham para realizar o sonho da menina. A mãe, empregada doméstica, não sabia dirigir. Para poder levar a filha aos campeonatos, ela fez a habilitação e comprou um carro.
Além do apoio dos pais, a menina conta com o suporte do projeto Pampa Skate Life, uma iniciativa social que busca instruir e educar jovens de oito a 12 anos. O projeto auxilia a menina fornecendo vestuário e acessórios. Já o skate utilizado é mantido graças às peças que recebe como prêmio nos campeonatos.
Daffine também recebe apoio de algumas pessoas para aprimorar suas habilidades no skate, como o artista Tuka Porto. Ao acompanhar Daffine nas redes sociais, ele percebeu seu talento e decidiu auxiliá-la, fornecendo aulas gratuitas na Orla. Além disso, o artista conseguiu aulas gratuitas de exercício funcional em uma academia da Restinga, visando contribuir para o desenvolvimento esportivo de Daffine.
— É uma ajuda que faz muita diferença, pois não teríamos condições de pagar se não fossem gratuitas. Ela tem melhorado cada vez mais, graças tanto aos exercícios quanto às aulas — relata a mãe.
Tuka também homenageou a menina na música Menina Dogtown. A letra é sobre skatistas de várias gerações, incluindo Daffine.
Conquistas
Daffine busca realizar seu sonho sobre as quatro rodinhas. Ela já conquistou mais de 20 premiações, incluindo troféus e medalhas. A mãe relata que, durante as idas e vindas para participar de campeonatos, ambas passaram por muitas situações difíceis, mas tudo valeu a pena.
— Já passamos por poucas e boas. Uma vez, tivemos de voltar de um campeonato em um guincho, pois nosso carro estragou no meio do caminho. Acabamos dormindo enquanto voltávamos. Também já nos hospedamos na casa de pessoas que não conhecíamos, mas que se tornaram amigos — relembra Cintia, referindo-se a quando participaram de um campeonato de bowl, uma das modalidades do skate, na Swell Skate Camp, em Viamão.
As maiores façanhas até o momento foram no Campeonato Gaúcho de Skate e no Campeonato Brasileiro, sub-12, ambos em 2023.
— A gente parcelou a passagem para Belém do Pará para participar do campeonato. Fizemos rifas e tentamos de todas as formas para realizar o sonho dela. Foi a primeira vez que saímos do Estado e foi uma experiência incrível. Mesmo tendo ficado em sétimo lugar (no Brasileiro), a felicidade foi imensa, pois foi algo que deu a ela ainda mais vontade de seguir adiante — explica a mãe.
Futuro
Ainda neste mês, a menina pretende participar de um campeonato em Balneário Pinhal. Além disso, ela já se prepara para disputar novamente o Campeonato Gaúcho, buscando manter o primeiro lugar e melhorar sua posição no Campeonato Brasileiro.
As aspirações de Daffine não param por aí. Fã das skatistas Rayssa Leal, Pamela Rosa e Gabi Mazetto, ela está ansiosa para assistir as Olimpíadas de Paris e já tenta imaginar como será o seu próprio futuro.
— O skate para mim é tudo. Já faz parte da minha vida. Meu sonho é participar das Olimpíadas e, futuramente, ir para a Califórnia — projeta a menina.
*Produção: Murilo Rodrigues