Coluna da Maga
Magali Moraes e as teias de aranha
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Sou uma pessoa oficialmente hiperativa, mas as aranhas me ganham. Elas não param quietas um minuto. Sabe aquela imagem de casa abandonada com lençóis brancos cobrindo os móveis e muitas teias acumuladas pela falta de limpeza? Não é bem assim. Hollywood romantiza tudo. Aranhas também gostam de muvuca e casa cheia, querem dia a dia, conviver com humanos limpinhos e testar a nossa paciência. Querem nos envergonhar, isso sim. Haja vassoura pra desfazer suas obras de arte.
E eu desfaço sem culpa. Mas antes observo a perfeição de suas teias: como podem fazer algo tão simétrico? Sem régua, manual de instruções ou vídeo ensinando o passo a passo. Vão no instinto mesmo. As aranhas só precisam de dois pontos de contato pra começar. Até no escuro tecem e criam suas tramas. Pra, no dia seguinte, gente insensível como eu botar tudo abaixo. Às vezes, as armadilhas são pra nós. De repente, passamos por algum lugar e aquele fio invisível gruda no braço. Argh!
Maresia
Desconfio que as aranhas da praia se beneficiam do ar puro e ficam ainda mais ágeis no trabalho. Talvez a maresia ajude. O que posso afirmar: elas são incansáveis. Me canso só de olhar outra teia feita no mesmo lugar de antes. Teimosas, hein. E fica aquela guerrinha entre humanos e aracnídeos, cada um tentando provar quem é mais rápido. Nem vale a pena chamar o Homem-Aranha pra me salvar, eu teria mais teias pra limpar. Alguém vai dizer que elas comem insetos, e eu deveria agradecer.
Tem o lado poético, veja bem. Fiz até umas fotos de teias pra inspirar essa coluna, tentando enxergar a beleza da coisa. Se as aranhas vissem, iriam querer pra elas. Tudo isso pra dizer que é muita convivência com a natureza… guria de apartamento, sabe assim? É bem possível que eu sonhe hoje à noite que estou presa numa teia enorme e melequenta, enquanto a aranha ri da minha cara. Seguirei no papel de dona de casa caprichosa e ninja, golpeando sem dó suas lindas tramas.