Censo inédito
Com mais de 815 mil cães e gatos, Porto Alegre tem 32 mil animais abandonados
Levantamento feito por amostragem em quase 5 mil domicílios em 2023, encomendado pela Secretaria da Causa Animal, mostra ainda quais pets ocupam casas e apartamentos com seus tutores
Porto Alegre contabiliza cerca de 815,4 mil cães e gatos, mostra o primeiro Censo Animal realizado na cidade. O levantamento, por amostragem, coordenado pela Secretaria da Causa Animal, foi realizado em quase 5 mil domicílios entre julho e outubro do ano passado. O mapeamento também abrange os animais semi-domiciliados – com mais de um tutor – e os que vivem na rua.
Conforme o Censo, existem 533.873 cães e 281.532 gatos em toda a cidade. Desses, cerca de 45 mil cães e 93 mil gatos podem acessar a rua sem supervisão. Esse grupo abrange, por exemplo, animais "comunitários" ou que vivem com pessoas em situação de rua. Outros 21 mil cães e 11 mil gatos vivem sem dono. Já a pirâmide etária mostra que os cães e gatos da Capital são, em maioria, fêmeas jovens entre um e seis anos de idade.
A veterinária Camila Marinelli Martins, responsável pelo estudo, avalia que o resultado preocupa, já que animais jovens se reproduzem com mais facilidade. De acordo com ela, é possível afirmar que circulem diariamente, pela cidade, em torno de 66 mil cães e mais de 100 mil gatos, se forem considerados os animais semi-domiciliados e os de rua.
De acordo com a secretária da Causa Animal, Patrícia Martins, o Censo vai servir para fortalecer políticas públicas do governo municipal para o setor, entre elas a de castração, considerada uma das prioridades do Gabinete. Em 2023, as equipes da prefeitura realizaram 31.651 procedimentos do tipo, o que demandou um investimento de cerca de R$ 5 milhões.
O Censo inédito também revela, em relação ao número de animais por domicílio, que em 74% das moradias não há gatos e que, em 47%, não há cães. Cerca de 30% das casas e 20% dos apartamentos tinham pelo menos um gato, em 2023. Já os cães viviam principalmente nas casas (67,1%) e menos em apartamentos (32,8%).
Participaram da pesquisa cinco recenseadores, médicos veterinários da AAC&T Consultoria, empresa contratada pelo município. O estudo utilizou uma metodologia desenvolvida pela Universidade de São Paulo (USP) específica para animais de companhia, além de conceitos do censo populacional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).