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Coluna da Maga

Magali Moraes e as pessoas sinceras demais

Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho

02/02/2024 - 07h00min


Diário Gaúcho
Diário Gaúcho
Fernando Gomes / Agencia RBS
Magali Moraes

Você conhece alguém assim? Sem papas na língua, diz o que vem à cabeça, doa a quem doer. Pode ser um momento pontual, e até a pessoa se espantar com a própria sinceridade. O que era pra ser só uma vontade de opinar vira uma frase dita em voz alta. Quando vê, aquilo sai da boca feito um míssil teleguiado. Que um sorrisinho amarelo amenize a situação. Ou então é um forte traço da personalidade. A pessoa é sincera demais com ascendente em franqueza e lua em transparência. 

Tão fácil quanto respirar, sabe assim? A criatura vai direto ao ponto. É objetiva, bota o dedo na ferida. Não economiza opinião. Dá conselho sem ninguém pedir. Quem convive com ela já sabe, o que não significa que seja um convívio tranquilo. Para os desavisados, ela mesma comunica que comete sincericídios (a mistura de sinceridade com suicídio): dizer algo sem levar em conta os sentimentos do outro, sem pensar nas consequências daquela afirmação. Uma verdade quase sempre inconveniente.

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Coragem

Pessoas sinceras demais também são vistas como autênticas. Errado não está. Falar o que se pensa requer coragem, ousadia e liberdade, características dos autênticos. Em um mundo que nos oferece cada vez mais filtros pra alterar a realidade (o cenário da foto, o fundo da videoconferência, o formato do corpo, o viço da pele), a gente até se espanta com quem não filtra o que diz. Recomenda-se bom senso, e tudo depende do grau de intimidade que temos com o alvo dos comentários. 

Essa coluna foi inspirada no email de um leitor que gentilmente me alertou da sua fama de sincericida. Engraçado como tudo é relativo. Gostei da sua sinceridade, que veio cercada de respeito e educação. Conquistar a admiração de um leitor é a razão do colunista enfrentar tantas páginas em branco. A gente nunca sabe se o assunto vai agradar, se o tom vai funcionar, se estamos evoluindo ou não com o passar do tempo. Obrigada, Zé Fernando! Sem pedir, eu ganhei uma bela análise.



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