As empresas prestadoras de serviço oferecem cada vez mais canais modernos de atendimento ao consumidor. Juram que estão sempre à nossa disposição via telefone, aplicativo, WhatsApp, site, portal, chatbot e sei lá mais o quê. Quanto maior a tecnologia envolvida, menos temos a chance de falar com alguém que nos escute e resolva rapidamente o problema. Pior são as gravações fingindo ser uma pessoa simpática querendo ajudar. Ajuda a subir o nível de irritação, isso sim.

Me peça pra faxinar a casa, pra dar cinco voltas correndo na quadra sob o sol escaldante do meio-dia, mas não me peça pra ligar pra operadora de internet e telefonia, banco, convênio de saúde, 0800 direto com a fábrica. É um verdadeiro teste de paciência. A música de espera, repetida à exaustão, já indica que a batalha será longa. Haja perseverança e tempo livre. As opções de menu vão nos confundir com números e caminhos que parecem certos. Daí vira um labirinto digital.

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Torturando

Prepare-se, o celular vai esquentar na orelha. A casa vai cair se você cansar e botar no viva-voz, torturando quem está perto. “Todas as opções estão ocupadas. Musiquinha irritante. Todas as opções estão ocupadas. Musiquinha irritante”. Se o atendimento for pelo computador, em algum momento o site vai pendurar. Vão pedir um documento ou foto pra anexar, justo o que você não tem à mão. Tenha tudo, inclusive o CPF do vizinho, o tipo sanguíneo da tataravó e um chá de camomila pra acalmar.

Saudade de ouvir de primeira uma voz real e a respiração do cidadão. Que ele espirre de repente, pra eu poder dizer “saúde, tchê!” Sem frases roteirizadas. Esses dias, tentando ser atendida pelo WhatsApp, veio a mensagem: “pronto, você está na fila de atendimento humano.” Me emocionei! Será que alguém iria me ligar? Tô esperando até agora. O emoji fofo enviado junto causou efeito contrário. Depois ainda querem que a gente avalie o desatendimento e conte o nosso grau de reprovação.