Mais um carnaval, um abadá a menos na minha vida. Eu e blocos, só os de notas. Não nasci com samba no pé, me perdoem os foliões. Mas sou uma boa pessoa, e posso provar. Me divirto com um simples feriado à vista. E com a alegria dos outros. Curto junto os preparativos, as fantasias criativas, o glitter grudado na pele dos amigos. É divertido acompanhar a uma distância segura, pelas redes sociais, a folia deles nos bloquinhos de rua, apesar do calorão infernal de fevereiro.

Lá nos anos 80, tive um breve período de foliã. Junto com a turma da praia, fiz parte de um bloco por um ou dois verões. Provavelmente não aguentei as quatro noites de festa no clube de Imbé. E isso que eu era jovem. Customizei a camiseta, fui, pulei, brinquei e voltei faceira pra minha cama. No final dos anos 90, outra tentativa: levei meu filho mais velho em uma festinha infantil no mesmo clube. O Batman catou os confetes no chão e, pela cara nas fotos, não morreu de amores. O DNA da mamãe.

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Sapucaí

Se todo mundo gostasse das mesmas coisas, seria um tédio. Para os não foliões, a Sapucaí é outra. Liberdade de horários, passeio no parque, cadeiras e conversas na calçada, churras, rede e livro, banho de mangueira, piscina, mar, cachoeira. Não tem abadá, só qualquer roupa fresquinha. Camarote? No conforto de casa, nem precisa. Mas pode se jogar no sofá pra assistir aos desfiles. Abre a geladeira e fica à vontade. Sem pagar uma fortuna por bebida gelada.

Até a quarta de cinzas, cada um se diverte como quiser. Lembrando que fantasia não é convite pra assédio. Não é não: respeitar as mulheres é regra em bloquinhos de rua, trios elétricos, festas de clube ou dentro de casa. Ó abre alas, que o bom senso quer passar. Pra quem vai trabalhar no carnaval, tomara que o descanso venha em breve. Eu já estou me preparando pra fazer nada em especial, apenas curtir esses dias em família. Não é depois que o ano começa de fato? Que assim seja.